Caminhada Final de Época - Corredor Verde do Rio Leça

Foto do grupo Vianatrilhos
Percurso linear, com inicio na R. Moinhos da Silva, na maior parte junto ao Rio Leça. Seguindo, passa-se junto à Ponte do Carro. Passando pela Capela S. Sebastião, e, logo de seguida pela Igreja de S. Braz, pelo Parque Natural do Monte de S. Braz e elo Homem da Massa. Depois sempre seguido, passagem pela Ponte Medieval de Goimil, Ponte de Moreirae seu Parque.já perto do fim, passagem pela antiga Fábrica Leonesa e seus Murais. No final acabou no Parque das Varas, sem no entanto passarmos pelo Mosteiro de Leça do Balio.

Dados do percurso

Informação sobre os aspetos mais significativos

Data 06-07-2024
Localização R. Moinhos da Silva
Hora de início 9:45
Hora do fim 14:00
Tempo total 4h 15m
Velocidade média 3,24 km/h
Distância total 13,45 km
Participantes 40
Wikiloc Ver percurso no Wikiloc

Condições Meteorológicas

O dia amanheceu fresco, mas rapidamente percebemos que se iria tornar soalheiro, como de facto aconteceu. Com uma certa brisa, porém, o que por vezes constitui um bálsamo para quem resolve caminhar em julho...

Concentração e Transporte

Pelas 8h45, já os participantes da zona do Porto se encontravam em Leça do Balio, no local previsto para o fim de percurso e realização do piquenique, aguardando a chegada do autocarro fretado pelo "pessoal de Viana" (uma opção que se revelou acertada), o qual nos haveria de transportar, a todos, até ao ponto de início da caminhada, em Santa Cruz do Bispo.

Início do Percurso

O percurso pedestre teve início nas cercanias do velho moinho "Moleiro da Silva" – ou o que dele resta – seguindo pela margem esquerda do rio Leça, numa primeira extensão com cerca de um quilómetro, ainda não intervencionada e que, por esse motivo, acaba por se revestir de um certo encanto bucólico, com forte arborização, antigos moinhos e açudes.

Ponte do Carro

Chegámos à Ponte do Carro, uma bela e elegante ponte medieval, em cavalete, com um amplo arco de volta perfeita.

Corredor Verde do Leça

A partir daqui continuámos (quase) sempre junto ao rio, mas já pelo recentemente criado "Corredor Verde do Leça", um projeto ambiental e de mobilidade envolvendo os municípios de Santo Tirso, Valongo, Maia e Matosinhos.

Monte de São Brás

Junto ao Monte de São Brás, na margem direita do rio, fizemos um pequeno desvio, passando pelas capelas de:

  • São Sebastião
  • Nossa Senhora do Livramento
  • São Brás (antigo lugar de romaria)

Visitámos o curioso conjunto escultórico denominado "Homem da Maça", onde, cumprindo o que reza a tradição popular, os caminheiros tiveram uma oportunidade para formular os seus secretos desejos...

Pontes Históricas

Ponte Medieval de Dom Goimil

Depois de passarmos sob a VRI, e uma vez retomado o percurso normal, chegámos à ponte medieval de Dom Goimil, pertencente à antiga via romana que ligava os rios Douro e Ave. Durante o reinado de D. Afonso III, era conhecida como Via Veteris (estrada velha), sendo, na época, a mais importante ligação entre Porto e Vila do Conde.

Desastre de Custóias

Um pouco adiante, passagem no local onde se deu o tristemente célebre "desastre de Custóias", o maior acidente ferroviário ocorrido em Portugal, o qual, em 1964, custou a vida a cerca de uma centena de pessoas. O dramático acontecimento, conforme referido pelo Celso Pontes, acabou, nessa altura, por estar na origem da criação do Serviço de Urgência do Hospital de São João.

Ponte de Moreira

Chegados à Ponte de Moreira, uma breve paragem no respetivo parque, junto ao rio, para retemperar forças.

Ponte de Ronfos

Continuando, agora em definitivo, pela margem esquerda, passámos junto da ponte de Ronfos, pertencente à antiga estrada que ligava Porto a Ponte de Lima, e cuja construção remonta à época romana. Sofreu diversas reconstruções ao longo dos tempos e pouco resta da estrutura original. No entanto, para satisfação de alguns, foi ainda possível "descobrir" e identificar algumas (poucas) pedras que foram reaproveitadas da primitiva ponte romana – as genuínas!

Zona da Lionesa

Com a chegada à zona da Lionesa – outrora uma das mais notáveis empresas têxteis do país, hoje um espaço constituindo o maior polo empresarial de Portugal – a caminhada aproximava-se do seu termo.

Arte Urbana

Tempo ainda para admirar dois magníficos exemplares de Arte Urbana:

Mural do Super Bock Group

O primeiro, na parede exterior do armazém Super Bock Group, da autoria do célebre artista Vhils e da dupla espanhola PichiAvo, sendo um dos maiores murais deste tipo no mundo.

Mural da Lionesa

O segundo, o Mural da Lionesa, de aproximadamente 1400m², localizado na Rua da Lionesa, num muro pertencente à Unicer. Resulta da participação de dez artistas, alguns de renome internacional, que, em 2014, se juntaram para uma intervenção que retrata muito da história de Matosinhos, a evolução da Lionesa e o processo de produção da cerveja, proporcionando uma expressão visual completa.

Encontro com a Arquiteta

Aqui, e por um feliz "acaso", encontrámos a Arquiteta Paisagista Laura Costa, autora do projeto "Corredor Verde do Leça", de que tínhamos vindo a usufruir – uma boa oportunidade para um breve diálogo sobre alguns aspetos relativos a esta obra.

Piquenique no Parque das Varas

Enfim, chegámos ao local do piquenique – o Parque das Varas. Mas... surpresa! Talvez fruto de um fim de semana com bom tempo anunciado, a sobreposição, neste dia, com a iniciativa pública Open House (que também incluía as visitas ao Mosteiro de Leça do Balio e ao Corredor Verde do Leça), o facto é que as seis mesas "de pedra" aí existentes e que, ingenuamente, esperávamos encontrar livres... estavam ocupadas com outras gentes e seus copiosos farnéis!

Adaptação e Convívio

Sem problema, nada que atrapalhe caminheiros de montanha, habituados a repousar em qualquer recanto, faça chuva ou sol. Uma sombra fresca, um chão relvado, e eis que sobre as toalhas já estendidas começa a pousar uma infinidade de variados e apetitosos petiscos, como só estes amigos VianaTrilhos sabem inventar, neste caso, dignos de um verdadeiro fecho de temporada!

Nem faltou o café, feito na hora, pela Sameiro, a Júlia e a Manuela, a lembrar os nossos amigos ausentes Lúcia e Cocas, cujo regresso ao nosso convívio aguardamos, o mais breve possível, pois fazem falta!

E faltam palavras para o excelente vinho do Porto, qual chave de ouro, com que nos brindou a Conceição Fonte! – perdão, corrijo: Porto é o que se compra nas garrafeiras; neste caso, designa-se GENEROSO, que é quando provém de Amigos, para outros Amigos.

Reflexão

Quanto mais haveria a dizer... O importante são, de facto, as pessoas e os bons momentos gerados pela amizade que as une, como aconteceu, a meu ver, nesta tarde de sábado, junto ao rio Leça.

Acabámos por não ir à Ponte da Pedra (faltavam uns 500 metros, acho que ninguém reparou!) mas, olhando a descrição que Helder Pacheco fez em 1986 – leiam o folheto da nossa caminhada – a realidade presente, embora com alguns ganhos, não se alterou substancialmente...

Visita Cultural

Mas faltava ainda o prato forte cultural: a visita à Igreja de Santa Maria de Leça do Balio e ao Mosteiro/Fundação Livraria Lello.

Igreja de Santa Maria de Leça do Balio

Da surpreendente igreja, entre outros aspetos, importa reter:

  • A figura de Frei Estevão Vasques de Pimentel, a cuja ação visionária se devem as profundas alterações no Mosteiro, ocorridas no século XIV, sem esquecer o belo e significativo epitáfio, em placa de bronze, junto do seu túmulo
  • As obras do escultor Diogo Pires o Moço, figura maior do Manuelino, trazido pela mão de Frei João Coelho, nos primeiros anos do século XVI

Mosteiro/Fundação Livraria Lello

Se a visita à Igreja era livre, a do Mosteiro coincidia com as visitas no âmbito da iniciativa Open House. Todavia, porque previamente acordado, foi-nos concedido um tratamento especial, e acompanhados pela Rita Marques, da Fundação Livraria Lello, tudo decorreu sem constrangimentos.

Intervenção do Arquiteto Siza Vieira

Oportunidade para observar a intervenção do Arquiteto Siza Vieira, quer nos espaços que, do antigo mosteiro, chegaram até aos nossos dias, quer no novo edificado, que o mesmo apelidou de Templo. Uma estrutura de forte carga simbólica, com cerca de 400m², em betão branco, albergando, a céu aberto, uma escultura em mármore, com dois metros de altura, também por ele criada – o Peregrino.

Falsa ruína recortada no céu, evocando o passado? Nova Capela Imperfeita? O Tempo o dirá...

Fernando Barroso Vianatrilhos