2014-11-01 Pelo vale do Rio Grande aos Bicos

Fazemos a subida pelo Vale do Rio Grande com o grupo ou não?

Esta foi a questão posta na mesa quando fizemos a escolha deste percurso na serra da Peneda.

A dificuldade desse pequeno trajeto era alguma, mas acabamos por decidir que valeria bem o esforço, pela grandiosidade do local e a beleza da paisagem circundante.

Foi assim que decidimos iniciar junto ao abandonado parque de campismo da branda da Travanca e descer para a ponte, onde demos o início à subida do vale do Rio Grande.

A ascensão começa suave, mas aos poucos vai começando a ser mais agreste, o terreno a piorar, até que o trilho desaparece completamente. Atravessamos o curso de água e é aqui que verdadeiramente começam as dificuldades do dia, já que a subida é muito inclinada, por entre as giestas e silvas.

O tempo húmido e sufocante, só servia para piorar as coisas, pelo que quando finalmente atingimos o trilho superior, estávamos cansados e encharcados em suor.

Depois de uma curta pausa continuamos a subida, desta vez mais moderada, até à confluência dos muros do fojo da Bragadela, escondida em densa vegetação.

Aí regressamos à margem esquerda do rio Grande e completamos a ascensão junto ao muro do fojo, até à nossa bem conhecida Branda de Bragadela, celebrizada pelo poema do malogrado companheiro Luís Gonçalves, em versos dedicados à sua musa, desaparecida nestas paragens.

Fizemos aí a tardia pausa matinal, mas havia que seguir, pelo que tomamos a esquerda, e partimos na direção da Branda dos Bicos, passando primeiro por um pequeno curral perdido na imensidão da serra.

Antes dos Bicos, fizemos uma pausa e a fotografia de grupo junto a um malhão, sólido abrigo de pastores, que aí se protegiam da inclemência dos fortes ventos que fustigam estas zonas elevadas, testemunho da dureza dessa vida serrana, hoje praticamente abandonada.

Depois das fotos da praxe fomos atá aos Bicos. Primeiro trepamos até ao extremo norte do planalto, para contemplar as margens do Ramiscal, lá bem no fundo de uma profunda garganta, seguindo depois para a branda do mesmo nome, onde fizemos a bem merecida refeição.

A pausa foi prolongada e houve mesmo lugar ao ressurgimento de uma velha tradição dos tempos dos "Amigos da Chão", quando se eternizava a presença de novos companheiros, com um batismo solene.

E assim se fez, nomearam-se os padrinhos, decanos companheiros que, para além de solenemente se responsabilizarem pelos "caloiros", colocaram o tradicional chapéu de caminheiro sobre a sua cabeça, simbolizando a proteção que lhe era concedida e recitaram a ladainha de "Arrium porrum, bota a baixorum" seguida da ingestão de precioso néctar, destilado especialmente para a cerimónia.

Foi neste ambiente solene que a Fernanda, Carlos, Maria Cármen, Fabiana e Luís Filipe fizeram a sua iniciação, obrigando-se à participação futura em outras atividades do grupo, de forma a merecer tão elevada distinção.

Terminada a cerimónia e após aclamação dos novos caminheiros, partimos na direção do mirante que encima a Calçada dos Bicos. É um local magnífico, de onde se consegue divisar um panorama avassalador, com destaque para o pequeno circulo do bem conservado Fojo da Cabrita.

Seguimos para a Branda do Vidoeiro e descemos a corta-mato para a Branda da Piorneda.

A descida foi dura e as lamentações fizeram-se sentir, alguns reclassificando mesmo a dificuldade do percurso, já que a descida era forte e a vegetação fustigava-nos as pernas, obrigando ao deambular contínuo, na procura de caminho viável.

Foi aqui que a veterana Louise, mais uma vez se perdeu do resto do grupo, pois "tomou freio nos dentes" e só parou muito depois do desvio do caminho da branda. Acabou tudo bem, juntando-se-nos na Piorneda, onde fizemos mais uma foto de grupo na cabana maior do conjunto.

A próxima etapa foi a branda de Bezavó, com mais uma curta paragem para observar o interessante conjunto de cardenhas, algumas ainda razoavelmente conservadas.

Mas o sol ia descendo no horizonte e a luz do Outono ia fraquejando por entre as serras, pelo que era mais que hora de partir, seguindo-se a ligação até a ponte da Travanca, tendo todo esse percurso sido feito fora do estradão principal.

Foi a Peneda em toda a sua rude e majestosa beleza.

José Almeida
Vianatrilhos

Dados do percurso

Informação sobre os aspetos mais significativos:

Data 2014-10-11
Distância 12,7 Km
Tempo de deslocação 05h 33m
Tempo parado 02h 06m
Deslocação média 2,3 Km/h
Média Geral 1,6 Km/h
Nº de participantes 23