Começamos na Vacariça, lugar de montanha da freguesia de Refoios, que com os seus 630 m de altitude, domina o vale do Lima.
Quando arrancamos é que não se divisava grande coisa, pois o tempo estava carregado, com nuvens muito baixas e ameaçadoras, que auguravam uma manhã chuvosa, imprópria para estas paragens serranas, em que a instabilidade do tempo confere uma dificuldade acrescida, tanto na orientação, como na progressão, pelo estado escorregadio dos caminhos.
Meu dito, meu feito... mal começamos, começou o tempo a fechar e mesmo a chover, o que nos levou a prescindir da ida ao Castelo, encurtando o percurso, seguindo um trilho mais directo à Lagoa dos Salgueiros Gordos.
Pelo caminho fizemos algumas paragens forçadas, para nos proteger de fortes bátegas, que nos refrescaram os ímpetos. Mas foi a forte neblina a principal inimiga, pois impediu que pudéssemos usufruir da panorâmica, que é o ponto forte deste percurso.
Perdemos assim quase totalmente as vistas para os vale do Lima e do Coura, pelo que só pudemos apreciar a fauna, com os seus peculiares bosques de altitude.
Chegados à típica aldeia de Vilar do Monte, passamos junto da Fonte dos Castanheiros, aproveitamos uma breve réstia de sol, para fazer a tradicional foto de grupo, refugiando-nos de seguida no café Martinho, já que o tempo inclemente voltou a fechar, escapando por pouco a nova chuvada, que nos obrigou a uma demorada pausa forçada.
Depois de várias dúvidas sobre a oportunidade de continuar a caminhada, já que alguns punham à consideração do grupo a desmobilização, outros preferiam continuar, tendo fé que o tempo abriria e seria possível cumprir o itinerário inicial, entretanto diminuído no início da progressão.
Quase se chegava a um impasse, pois as opiniões eram dispares e havia razões válidas e fundamentadas dos dois lados, mas os organizadores – Armando e Rego, chamados à decisão, depois de ouvir e reflectir sobre as razões, acabaram por decidir pela continuação.
Haja quem decida! que depois há quem obedece! pelo que o grupo interiorizou a decisão e seguiu coeso em frente, ou seja, na direcção da mesa dos 4 abades, já nossa conhecida de outros eventos, local de encontro dos abades das freguesias circundantes, resolviam problemas comuns.
Era nesse local que os ditos 4 abades, de Calheiros, Cepões, Bárrio e Vilar do Monte, no dia da procissão de S. Sebastião, advogado contra a fome, peste e guerra, também designada de "Procissão do Cerco”, discutiam na presença dos seus concidadãos e apadrinhados pela imagem do santo, os litígios entre freguesias, consultando o povo e comunicando depois as decisões do acordadas.
Hoje em dia, a tradição mantém-se, agora mais alegórica, em que os abades deram lugar aos presidentes das juntas de freguesia, que se continuam a encontrar anualmente, no terceiro domingo de Junho, agora aproveitando a presença do Presidente de Câmara de Ponte de Lima, para lhe colocar os seus interesses. Também por tradição, o autarca "fica obrigado" a atender os pedidos e reivindicações formulados, até ao ano seguinte da "Mesa dos Quatro Abades".
O Miguel aproveitou para destacar a importância
do local e as suas tradições, pela citação de
texto alusivo, tendo depois sido sujeita à
apreciação dos presentes as alternativas de
regresso, uma pelo percurso mais longo, com a
descida do vale de Lastral apreciando os campos
de cultivo, com os seus socalcos, e outra
regressando a direito, pelo trilho marcado da
Valimar, de modo a escapar à chuva, que
continuava persistentemente a cair mansa.
A votação foi por aclamação, pelo percurso mais
curso, pelo que regressamos a Vilar do Monte,
subindo de seguida para o Miradouro da Vacariça.
Pelo caminho o tempo começou a abrir, começando
aqui e ali a vislumbrar-se as maravilhosas
vistas para o Vale do Lima, mas foi no Miradouro
da Vacariça – Marco do Penedo Branco, com os
seus imponentes 725 m de altitude, em que o sol
finalmente rompeu, dando para apreciar
demoradamente as vistas circundantes, que vão
desde Viana do Castelo a Ponte da Barca e Arcos
de Valdevez, com destaque para Ponte de Lima, a
nossos pés.
Foi um momento de encanto, só prejudicado pela forte ventania, que teve porém o mérito de afastar as nuvens baixas e a chuva, possibilitando a contemplação e mais uma fotos “para mais tarde recordar”.
Para além da contemplação panorâmica, contemplou-se também o estômago com algo sólido para degustar, já que a manhã ia alta e havia que retemperar energias.
A Madalena tinha entretanto combinado o almoço na Pombinha, fazendo a reserva, depois da identificação dos 26 convivas que optaram pela refeição, com as pernas debaixo da mesa.
Saídos do Penedo Branco, foi continuar pelo trilho até aos carros, apreciando pelo caminho uma manada de garranos com as suas crias, dando como concluída mais uma jornada, desta vez prejudicada pelo tempo, mas enriquecida pelo convívio e pela apreciação da natureza.
Mas o término efectivo foi na Pombinha, em Brandara, em que depois de uma espera dolorosa para os estômagos, colados às costas, acabamos por retemperar as forças com um bacalhau e sarrabulho, bem regado com um loureiro de estalo, que acompanhou e reforçou estes momentos de convívio, sempre animados.
No fim, antes das despedidas, as contas... em que a Manuela cumpriu a missão de tesoureira com afinco, seguindo-se a aposição de crachás pelo Mesquita, a quem os não tinha, com destaque para as companheiras de Ponte de Lima e para a Louise.
Uma palavra de destaque para esta companheira, que com a sua juventude de espírito, nos faz ver que a idade não é impedimento para nada, já que demonstra uma alegria de viver, que faz inveja a muitos jovens.
E acabou!
Em Pitões há mais! Pelo menos foi o que o Mesquita prometeu divulgar brevemente.
Até lá!
José Almeida
Vianatrilhos
Informação sobre os aspetos mais significativos:
Data | 2011-05-07 |
Tempo de deslocação | 03h 16m |
Tempo parado | 01h 38m |
Deslocação média | 3,7 Km/h |
Média Geral | 2,4 Km/h |
Distância total linear | 12 km |
Nº de participantes | 37 |