2022-05-07 No alto do Monte Faro - Valença

Esteve um verdadeiro dia de verão. Céu limpo, logo de manha temperatura amena, pouco vento, pelo que se adivinhava um dia bom para apreciar as vistas do Monte Faro, local eleito para mais esta atividade do nosso grupo.

O percurso teve início junto à M508, próximo do lugar de Quebrada, no limite da União de Freguesias de Gondomil e Sanfins, com a União de Freguesias de Gandra e Taião, ambas do concelho de Valença do Minho.

Começamos com a íngreme subida para o alto do Monte Faro, onde no meio das múltiplas antenas de telecomunicações se encontra o marco geodésico, que marca o ponto mais elevado do monte, com 563m de altura. Pelo caminho tivemos a companhia de uma manada de garranos, que com os seus pequenos potros vagueavam por estas paragens.

Depois de uma breve pausa para tentar atingir o marco geodésico, inacessível no meio do mato, contornamos o cume a meia encosta pelo lado norte, apreciando as vistas para o grandioso vale do rio Minho, com o seu leito a dividir o território nacional das terras galegas.

Descemos depois até ao largo do Santuário de Nossa Senhora do Faro, onde visitamos o interior do templo e fizemos uma pequena pausa para “meter qualquer coisa à boca”

Este santuário foi edificado em 1707, pelos monges beneditinos do Mosteiro de Ganfei e está enquadrado num frondoso parque, destacando-se o milenar castanheiro e o miradouro próximo, junto da pequena capela de Santa Ana, onde tiramos a costumeira foto de grupo, com uma soberba paisagem como pano de fundo.

Continuamos de seguida a contornar o monte Faro pelo lado sul para depois rumar a noroeste, descendo um íngreme corta-fogo, que provocou a apreensão de muitos e exigiu cuidados redobrados, já que a descida se fez por um terreno revolto pelas intempéries e apresentava muitas pedras soltas, o que comprometia muito a segurança. Acabou por não haver incidentes de maior, mas foi uma descida muito complicada e mesmo bastante perigosa.

Entramos entretanto na freguesia de Sanfins, sendo a próxima paragem foi na capela de Santo Ouvídio ou Ovídio, advogado das dores de ouvidos e dos maridos infiéis, onde fizemos uma curta paragem para apreciar o vale do Minho para o lado da nascente do rio.

Seguiu-se o percurso para o lugar de Melim, onde abastecemos de água, neste tórrido dias de Maio, para pouco depois iniciar uma continuada descida por caminhos agrícolas na direção do lugar de Quebrada também na freguesia de Sanfins.

Passado o Lugar da Quebrada o caminho continuou a descer pela densa mata na direção do ribeiro do Fojo. Aí as coisas complicaram-se, pois estávamos a seguir um percurso do Wikiloc já de 2015, que aí infletia para o alto da serra junto de um conjunto de moinhos abandonados.

Aí chegados não foi possível dar com qualquer trilho, pois estava tudo coberto de mato cerrado, que desaconselhava qualquer investida pela serra acima. Ainda se tentou encontrar uma passagem mais para a frente, mas consultado o mapa topográfico e as imagens do satélite, verificamos que nos estávamos a afastar demasiado e não havia alternativa viável.

Foi assim decidido o regresso à Quebrada e aí encontrar alternativa à continuidade do nosso percurso. Para evitar que eventuais utilizadores do nosso track tivessem também que retroceder, retirei esse bocado de percurso do registo GPS.

Chegou entretanto a hora da refeição, pelo que aproveitamos uma sombra junto do ribeiro do Fojo para fazer a merecida pausa.

Para além de repor energias houve ainda tempo para batizar duas novas caloiras nestas andanças, atribuindo o nome de Caminheiro Vianatrilhos  à Paula Garcia e a Mary Zoe, que demonstraram muita simpatia e excelente preparação para um percurso em condições tão exigentes.

Encontrada a alternativa, tomamos um estradão florestal que nos levou até junto da M508 e aí, face ao cansaço que se fazia sentir a grande parte dos caminheiros, já que o calor do início de tarde apertava e não se vislumbrava qualquer sombra próxima, foi colocada a alternativa do regresso imediato às viaturas, ou a continuação para o Alto de Fortes.

Os mais cansados optaram por subir a estrada alcatroada finalizando aí o esforço, tendo os 14 mais valentes, continuado a subir o íngreme estradão de acesso ao Alto de Fortes.

O calor apertava cada vez mais e o desnível a vencer fez mossa, mas as vistas do cimo do Alto de Fortes compensaram as energias despendidas, já que a paisagem circundante era deslumbrante. É nessa crista a separação das freguesias de Sanfins e de Taião. Após breve pausa para apreciar as vistas e uma foto do grupo que alcançou o cume, iniciou-se a traiçoeira descida, que propiciou mais alguns momentos de risco e mesmo de queda efetiva, embora sem consequências de maior.

Depois do muito esforço havia que repor energias, pelo que no regresso a Viana paramos no Café Capela em Dém, para na esplanada fazer um merecido lanche ajantarado refrescado com muita cerveja e champarião e até com estridente música sacra de fundo.

José Almeida
Vianatrilhos

Lenda do Monte Faro

Conta-se que os valencianos quando pretendem invocar a padroeira celeste, lançam o seu olhar para um majestoso monte que os fascina pela beleza e pelo mistério. Lá, bem no alto, olham o mundo pela paisagem sempre bela e fresca do rio Minho, serpenteando até ao mar.

Porém se o monte e a paisagem que desvela, inebria o olhar, o que mais atrai é o Santuário da Senhora do Faro. Ali colocaram a mãe de Deus, os frades de Ganfei para abençoar a terra que está a seus pés e as águas que lá nascem em minas abundantes e puras, a que o povo pôs o nome de “minas dos frades”. Qualquer valenciano se orgulha da proteção da Senhora do Faro.

Aconteceu em determinado dia, que um homem daqui natural, tendo-se deslocado para terras de África, lá ficou cativo dos Mouros. No meio das paisagens agrestes e secas, sujeito à escravatura mais vil, o homem desfalecia de dia para dia. Agrilhoado pelos pés, privado de todas as coisas e tendo, ainda, de suplicar diariamente por um pouco de água, desesperava aquele homem pela sua terra e pelas águas puras da mesma. Muito se lembrava da Senhora do Faro.

Uma noite, devotamente, encomendou-se à proteção daquela Senhora, suplicando para que o auxiliasse em situação tão difícil. E durante estas preces o nosso homem adormeceu.

Uma brisa fresca e um barulho de água a correr, que lhe eram familiares, acordou-o. Era manhã e os pés ainda se encontravam agrilhoados, mas o local já não era África do seu sofrimento, mas sim um monte, que logo reconheceu ser o Monte de Faro, a sua Terra! Naquele preciso momento o homem percebeu que tinha sido atendido pela Virgem Mãe de Deus! Agradecido à Senhora do Faro, deixou. em memória do milagre que recebera, o grilhão que carregara nos pés, pendurado na capela da sua salvadora.

(Baseado in “Lendas do Vale do Minho”, by CAMPELO, Álvaro, Associação de Municípios do Vale do Minho, em Valença, ano de 2002, página 175)
faroldanossaterra.net

Dados do percurso

Informação sobre os aspetos mais significativos:

Data2022-05-07
Hora de início09:20
Hora do fim15:57
Tempo total do percurso6h 36m
Velocidade média deslocação2,1 km/h
Distância total linear13,3 km
Distância total13,5 km
Nº de participantes24

Esta atividade está no

102201992
No alto do Monte Faro