2021-10-23 Vagueando pela serra D'Arga

Branda de Chãzinha

Este percurso estava inicialmente previsto para 2021-10-02, mas o mau tempo que se fez sentir desaconselhava a prática da caminhada de montanha, pelo que foi decidido o adiamento para data posterior.

Desta vez o tempo ajudou e tivemos um dia de outono soalheiro na manhã, mas que toldou bastante na parte da tarde, proporcionando ainda assim um dia excelente para caminhar na Serra D’Arga.

A concentração foi em S. Lourenço da Montaria e depois de alguma (bastante) confusão inicial no caminho a tomar, começamos a subida da íngreme calçada da Encosta do Curral, na direção da Porta da Vila.

A subida desta calçada é sempre um desafio, pois a sua inclinação e estado de conservação obrigam a redobrada atenção e a um esforço continuado, evitando as zonas mais escorregadias.

Esta calçada é por si só um testemunho do trabalho árduo destas gentes da montanha, quer na sua construção em enormes lajes graníticas que se vão justapondo de forma a vencer a inclinação, quer pelas marcas da sua intensa utilização, na movimentação do gado e transporte de lenha, mato e outros bens.

Depois de um primeiro reagrupamento no cruzamento da calçada com a estrada de alcatrão, junto à Fonte da Cavada, retomamos a subida até à proximidades da Casa Florestal, onde abandonamos a calçada e continuamos a subida para a Chã Grande por trilho mais ou menos percetível. Contornamos, já a corta-mato, o Outeiro do homem e cruzamos a Chã na direção da torre de telecomunicações que domina a paisagem.

A partir daí as coisas complicaram-se, pois o percurso infletiu para a Chão das Sizedas e a não existência de qualquer trilho obrigou a um lento corta-mato, por uma vegetação agreste, que nos fez mossa às pernas.

Depois de muitas picadelas e esforço, atingimos finalmente a clareira na Chão das Sizedas, onde nos reagrupamos e fizemos uma pequena pausa, antes de prosseguir no arruinado estradão florestal que cruza o planalto.

Um pouco adiante deixamos o estradão e reiniciamos novo corta-mato, desta vez na direção da Fonte do Madeiro, que tínhamos curiosidade em conhecer.

Desta vez foi ainda pior, pois custou e demorou uma eternidade a chegar à dita fonte que, ainda por cima, mal se via, perdida no meio do denso vegetação.

Daí seguimos para a Fonte da Urze, passando em primeiro lugar por um abrigo de pastor, ainda em bom estado de conservação, que domina a paisagem do alto da serra, protegendo o pastor da intempérie e dos fortes ventos destas paragens.

Um último esforço para descer ainda a corta-mato para a Fonte da Urze, local já bem conhecido de outras caminhadas, onde o rio Âncora timidamente inicia a sua descida para o mar.

Foi nesse socairo que fizemos a pausa de almoço, contemplando a Chã Grande com os seus garranos e toda a paisagem circundante, com o mar lá longe no horizonte. Foi uma pausa retemperadora e aproveitada para o descanso e para refrescar as arranhadelas que o agreste mato deixou como recordação.

Tudo calmo e sereno até que inesperadamente o Kiko e Béu, que tão bem se comportaram durante todo o percurso, se engalfinharam numa barulhenta luta, prontamente sanada pelos seus donos.

Regressado o sossego da serra, chegou o momento solene do batismo dos novos companheiros que nos acompanharam nesta jornada. Foi ao som da sagrada ladainha que se celebraram mais 5 batismos, em que os companheiros Maria Júlia, Simplício, Maria José Marques, Abreu e Ana Abreu, passaram a integrar a elite dos caminheiros do nosso grupo. Mas havia que continuar, pelo que voltamos a cruzar a Chã Grande, descendo outra vez a corta-mato na direção da Branda da Chãzinha, que já tínhamos visitado em 2010-01-09.

A descida foi dura e dificultada pela vegetação e forte inclinação, mas lá fomos descendo saltitando de pedra em pedra até à branda, bem encaixada no flanco da serra, quase invisível pela densa vegetação e pela sua perfeita simbiose com a paisagem envolvente.

Desta vez, mal se viam as construções destinadas ao pastoreio de gado em determinadas épocas do ano, dispostas a sul num terreno quase plano, banhado pelo ribeiro dos Enxurros, que forma adiante o rio, que vai desaguar em Vila Praia de Âncora.

Continuamos a corta-mato, desta vez para a formação rochosa da Porta da Vila, também nossa conhecida de outras andanças, onde pudemos tirar a foto de grupo, e também outras mais artísticas, para recordação deste singular local, que a natureza moldou.

Seguimos depois a calçada na direção da casa florestal próxima, agora em completa ruína, situada num local que bem merecia melhor sorte, já que tem uma paisagem soberba.

Regressamos finalmente pela calçada na direção da Fonte da Cavada, onde fizemos a último reagrupamento, para continuar a longa e escorregadia descida para S. Lourenço, pela Encosta do Curral.

A calçada estava ainda mais escorregadia e traiçoeira, mas não houve problemas de vulto, pelo que regressamos a S. Loureço da Montaria pelas 17:00, depois de um dia bem duro e sobretudo “picante”. Que o digam as nossas pernas, muito mal tratadas pelos matos e tojos da serra.

O recobro foi no 27, onde os panados com arroz de feijão nos retemperaram as energias perdidas.

 

José Almeida
Vianatrilhos

Dados do percurso

Informação sobre os aspetos mais significativos:

Data2021-10-23
Hora de início09:33
Hora do fim17:00
Tempo total do percurso7h 26m
Velocidade média deslocação2,7 km/h
Distância total linear14,6 km
Distância total14,8 km
Nº de participantes22