2019-07-26 Caminhada Noturna - Trilho de Afife

Percorrer da freguesia de Afife por entre o seu casario, visitando recantos com história, foi talvez uma forma acertada para esta actividade.

“É possível que o topónimo Afife se trate de um genitivo antroponímico àrabe. “Afif”, que inicialmente era utilizado como adjectivo para designar algo ou alguém “virtuoso”; mais tarde porém, aparecia num documento de 1108, com a designação “Afifi”, sugerindo a existência de uma “Villa Afifi”, que adquiriu o nome do seu senhor. Ao longo dos séculos, o topónimo foi apresentando diferentes grafias: Fifi, Affifi, Afifi, Afife.

Na história antiga desta freguesia interessa realçar a fundação do Mosteiro de S. João de Cabanas.

Segundo as inquirições de 1258, o Mosteiro foi de padroado real, e o rei que o coutou foi D. Sancho I em 1187.

Afife é também famosa pela qualidade de suas gentes em trabalhar o Gesso, actividade que surgiu a partir de meados do século XVIII, e onde desde muito novos (11 e 12 anos), desenvolveram o aperfeiçoamento desta arte, ao ponto de Afife ser considerada a capital da arte do estuque em Portugal.

A Serração da Velha é outra tradição muito antiga cujas origens pagãs atestam a sua antiguidade mas que hoje está sob forma mais ou menos cristianizada. É um ritual que invariavelmente tem lugar na quarta-feira da terceira semana de Quaresma e que, segundo alguns estudiosos das mais antigas tradições nacionais, mais não pretende do que celebrar o renascimento da Natureza e a expulsão dos demónios do Inverno, nomeadamente através de manifestações ruidosas como a utilização de “Sarroncas”, “triquilitraques” e outros instrumentos musicais.”

In: jf-afife.com/historia/

Cerca das 21H00, já o dia se ia esvaindo, começamos a caminhar, partindo da capela instalada no alto do monte de Sto. António, com frontaria virada a nascente e não a Poente como é mais habitual. Descemos através de estreitos caminhos em direcção da igreja Paroquial, passando depois junto dos estúdios da Rádio Afifense, NAIA, um belo cruzeiro no centro de um largo, mais abaixo pela capela de N. Sra da Rocha até chegar junto do Casino Afifense e da pequena capela de N. Sra da Nazaré.

Já com a noite entrando, obrigando ao acender de algumas lanternas fomos caminhando através de arruamentos até chegar à ponte das Oliveiras, e daqui até ao Convento de S. João de Cabanas, local em que viveu o poeta Pedro Homem de Melo. Aqui se fez um reagrupamento, e, oportunidade para se visitar este belo recanto com poemas do poeta nas paredes de muros.

Já com noite escura, continuamos agora através de uma velha calçada que era serventia de um moinho aqui instalado, e mais acima á Azenha da Formiga. Uma descida feita através de umas estreitas escadas para aceder a um pontão sobre o ribeiro de Afife, obrigou a cuidados, sendo presenteados com local de belo efeito que ficou registado nas objectivas. Noite escura sob a copa das árvores, confirmado pelo apagar de todas as lanternas. O trilho seguia agora através de estreito carreiro, cruzando-se mais á frente novamente o rio, até chegarmos à capela de N. S. das Dores no lugar de Agrichouso, local com belo miradouro sobre a freguesia e o mar.

Este local foi mais minuciosamente visitado, tendo-se feito a foto de grupo.

Com atenção ás horas, seguimos caminhando por entre campos ladeados de muros, em direcção novamente do rio para visitarmos o “Poço Azul”. A descida para o mesmo fez-se com redobrados cuidados, utilizando a ajuda de uma corda e o apoio das lanternas, por entre o arvoredo existente até chegar junto novamente do Convento de Cabanas, local em que apanhamos agora um trecho do Caminho de Santiago que nos levou até junto da capela de N. S. do Amparo. Aqui, abandonando o trilho sinalizado, enveredamos agora por entre o casario, já com a luz da iluminação pública. Pelo caminho belos trechos de portões emolduras com figuras, nichos com alminhas, passamos através dos lugares de Tumenga, Cutelo e Agrela, que nos conduziram ao ponto de partida no monte de Santo António eram 00H05.

Depois foi o rumar a Carreço onde no Bar da SIRC nos foi servida a esperada “Ceia/convívio”, composta de “arroz pica no chão”, tendo o mesmo decorrido como é habitual de forma alegre e divertida.

Mas havia que voltar a casa. Feitas as despedidas, agora sim, esperamos voltar em Setembro, com desejos de Boas férias.

Miguel Moreira
Vianatrilhos

“Ai! Esta palavra - Afife - ! -
(volto, ao murmurá-la, atrás-)
Lento moinho de vento
Feito de espaço e de tempo...
Quanta saudadee me faz!

Oh! Casa das mil janelas.
Minhas noites estreladas!
Berço de longas estradas...
Poeta, fiei-me nelas.

Oh! Abismos da lonjura.
Reflexos de pedraria!
Porque parti à procura
Daquilo que não havia?

Era aqui, aqui somente
Que eu devia ter ficado.
Afife de toda a gente
Que baila e canta a meu lado!”

 

Pedro Homem de Melo

 

Dados do percurso

Informação sobre os aspetos mais significativos:

Data2019-06-29
Hora de início20:41
Hora do fim23:53
Tempo total do percurso3h 12m
Velocidade média deslocação2,7 km/h
Distância total linear7,4 km
Distância total7,5 km
Nº de participantes30