Para este fim-de-semana estava programada a ida a Miranda – Arcos de Valdevez, para fazer o Trilho do Penedo Grande, mas o tempo não colaborou!
As previsões já predestinavam mau tempo para as terras altas do interior, com forte nebulosidade, nuvens baixas e chuva fraca mas persistente, pelo que foi preparado um percurso alternativo que decorresse a uma altitude mais baixa e num local mais abrigado da intempérie.
Às 08:00 encontramo-nos no Vitral para decidir qual o rumo a
tomar, mas a decisão não foi difícil, pois as previsões
infelizmente confirmaram-se e o dia apresentou-se de chuva
persistente, ficando assim fora de questão a ida programada a
Miranda.
Optamos por fazer um percurso nas imediações de Vilar de
Murteda, que decorre a uma altitude baixa, nos mais abrigados
contrafortes da Serra de Arga, tendo como base o PR27 da Câmara
Municipal de Viana do Castelo, mas prolongado pelas margens do
rio do Seixo.
O nome de Vilar de Murteda é originário do arbusto Murta ”Myrtus communis”, muito comum nesta região e toda a bacia do Mediterrâneo, conhecido pelo agradável aroma a laranja e sua utilização no tratamento de doenças das vias respiratória e urinária.
O ponto de partida foi junto da igreja paroquial de Vilar de Murteda, dedicada ao padroeiro S. Miguel, começando pela subida ao “Monte Crasto”, ponto mais alto do percurso, onde a neblina nos toldou completamente as vistas, que se adivinhavam interessantes para o vale de Vilar de Murteda. Teria aqui existido um povoado da idade do ferro, de que não descortinamos qualquer vestígio, estando apenas visível os restos de um cruzeiro no topo sul do cume.
Descemos e continuamos para norte utilizando o “Caminho de Santiago” e o “Percurso dos Romeiros” até ultrapassar o limite da freguesia de Vilar de Murteda, entrando ligeiramente na de Montaria, infletindo depois a Oeste até chegar às margens do rio dos Campos, que descemos até a “Ponte dos Asnos”
Depois de seguir um pouco a N305 viramos para Sul e seguimos uma longa levada que vai canalizando a água para o “moinho da Portela”, seguido por um interessante conjunto de velhos moinhos do lugar de Casal, continuamos até à nossa já bem conhecida “Cascata de Pereiro”.
A liderar o grupo da frente, corria para trás e para a frente o pequeno Kiko, que embora nunca perdesse de vista a Carminho, exigia mais andamento do grupo. Como foi a primeira vez que veio, ao princípio duvidamos da resistência do pequeno cão, estando mesmo receosos de ter que levar de charola, mas afinal o animal tinha mais capacidade que qualquer um de nós, já que fez o dobro dos quilómetros nas correrias.
O rio dos Campos, engrossado com as águas das chuvas, toma aqui a designação de rio Fulão e posteriormente de rio do Seixo, é repetidamente aproveitado ao longo de toda a sua extensão como força motriz dos muitos moinhos de cereais e engenhos de serração e maçagem do linho.
A foto de grupo teve como pano de fundo estas belas “Cascatas de Pereiro”, aproveitando-se a paragem para a pausa matinal de reabastecimento e para “bater umas chapas”, das impetuosas águas a precipitar-se encosta abaixo desde a Montaria até Vila Mou, onde finalmente engrossa as águas do rio Lima.
Cruzamos o lugar de Pereiros continuando a descida do rio Fulão, que entretanto toma o nome de rio do Seixo, engrossado pelos múltiplos veios de água serranos, vai descendo impetuoso pelas estreitas margens. Mais abaixo os “moinhos do Cajusta” e o “Poço Negro” são pontos de referência que merecem atenta observação.
O percurso utiliza, quer uma quer outra margem, e se as primeiras travessias do rio foram sido feitas sem problemas, utilizando as diversas pontes que o cruzavam, o diabo foi quando chegamos à proximidade da “Casa da Azenha”, em que a progressão pela margem direita se tornou impossível e o local previsto para a travessia apresentava uma forte torrente, que a desaconselhava.
Que fazer? Voltar atrás e utilizar a margem esquerda para continuar a progressão? Ir pelo caminho que corre mais acima, mas que se afasta muito do rio obrigando a volta maior? Atravessar mesmo assim?
A decisão foi difícil e não consensual, tendo-se optado por maioria fazer a travessia ali mesmo, aproveitando um baixio onde as águas eram menos impetuosas.
E assim foi! Uns descalçaram as botas e arregaçaram as calças, outros usaram uns sacos de plástico por cima das botas, outros não as descalçaram e passaram aos saltos o vau, mas o certo é que todos conseguiram o intento, havendo apenas a lamentar uma escorregadela e consequente queda nas límpidas e frias águas do rio do Seixo.
O aparato foi grande, mas felizmente não houve danos, sendo apenas um batismo forçado no palmarés da acidentada! Mais uma memória para enriquecer as recordações de nós todos!
Só o pequeno Kiko não fez a travessia pelos próprios meios, vindo ao colo da dona, que teve receio de que a corrente o levasse.
Calçadas as botas era tempo de seguir para a “Casa da Azenha”, já na freguesia de Meixedo, sendo feita a merecida e tardia pausa de almoço defronte do açude. Felizmente o tempo abriu um pouco e a chuva deu tréguas, pelo que foi neste belo cenário que foi feita a pausa de almoço, rematado com o costumeiro café do Cocas e excelente vinho fino do Vilaça.
Mas havia que continuar e como as margens continuavam impenetráveis, decidimos subir para o estradão florestal de Cegonha, rodando para Norte passamos nos lugares de Bouça d’ Água e Covas, reentramos na freguesia de Vilar de Murteda cruzando o lugar de Ervideiro.
E lá fomos subindo e descendo caminhos florestais mais ou menos cuidados, progredindo sempre até retomamos o PR27, regressando pelos campos até à igreja de Vilar de Murteda.
Como se usou o PR27, nenhum local melhor que o 27 de Ponte de Lima para o “encerramento final” deste invernoso dia de Fevereiro,
José AlmeidaInformação sobre os aspetos mais significativos:
Data | 2019-02-09 |
Hora de início | 08:45 |
Hora do fim | 15:15 |
Tempo total do percurso | 6h 29m |
Velocidade média deslocação | 2.7 km/h |
Distância total linear | 13.6 km |
Distância total | 13.8 km |
Nº de participantes | 29 |