2017-12-16 Por Terras de Neiva

Antas - Belinho - S. Romão do Neiva - Antas

Estamos a chegar ao Natal e havia pois que celebrar, fazendo primeiro uma atividade nos arredores de Viana do Castelo, que serviria de prelúdio para a nossa costumeira confraternização natalícia.

A escolha recaiu sobre as Margens do rio Neiva, já nossas conhecidas de outras atividades, mas sempre belas nesta época do ano. Utilizamos parcialmente o percurso PR-3 EPS - Trilho das Cangostas e o PR-4 EPS Trilho das Azenhas de Antas, percursos da responsabilidade do município de Esposende.

Iniciamos na pequena capela de Santa Tecla, junto à azenha do mesmo nome, situada no lugar da Gândara, freguesia de Antas, concelho de Esposende. Seguimos pelos campos do lugar da Laje tendo atravessado pouco depois a EN13 e entrado em Belinho, onde fizemos uma pausa para café no adro da capela da Srª do Rosário, defronte da imponente entrada amuralhada da casa de família do poeta António Corrêa d’Oliveira, pai de José Gonçalo Correia de Oliveira, ex-ministro da economia do Estado Novo.

Embora monárquico, acabou por se tornar num dos poetas oficiosos do Estado Novo, com textos nos livros únicos de língua portuguesa do ensino primário e secundário, tem a sua estátua comemorativa um pouco adiante, defronte da capelinha da Srª dos Remédios.

Cruzamos de seguida diversos caminhos florestais, agora tingidos de tons outonais e com o castanho da folhagem a atapetar a beirada dos caminhos, que nos conduziram até às margens do rio Neiva, junto ao “engenho de Esprade”, na margem esquerda e à “azenha do Grilo”, do outro lado do pontão que cruza o Neiva, situada já na freguesia de S. Romão do Neiva.

Aqui mais uma pausa para repor energias e para a foto de grupo, que teve como enquadramento as águas revoltas do açude que conduzia a água para os engenhos.

A utilização que as populações ribeirinhas do Neiva davam a este importante curso de água era enorme, já que o rio Neiva tinha da nascente até à foz 136 moinhos ou azenhas, 41 engenhos de serrar madeira, 9 lagares de Azeite, 23 engenhos de linho, 4 folões, 7 engenhos de água e ainda 1 estanca rio e 3 pesqueiras.

O rio era pois a força motriz de moinhos e engenhos que impulsionaram a transformação das matérias-primas de uma região eminentemente agrícola, mas que foram entretanto abandonados, quer pela quebra das atividades primárias, quer pela introdução de processos industriais mais rentáveis.

Seria importante manter e mesmo recuperar pelo menos uma parte deste importante património, fazendo intervenções consentâneas com o seu real valor.

Mas era tempo de partir, pelo que seguimos a margem direita do Neiva até ao seu ex-libris “O Minante”.

Merece destaque o Complexo das “Azenhas do Minante”, que compreende o “Engenho Novo” (do lado de S Romão de Neiva) e a Azenha do Minante (do lado de S Paio de Antas-Esposende) já que se trata do maior complexo edificado nas margens do Rio Neiva, com as múltiplas valências de moagem, serração de madeiras, maceração do linho e alambique.

Ainda um destaque para a figura do proprietário e último moleiro da Azenha do Minante - Sr Manuel Gonçalves Neiva, que trocou as ricas terras da Argentina pela recuperação das Azenhas do Minante, que tinham já pertencido à família, mas entretanto alienadas.

Seguiu-se uma zona menos interessante, com pavilhões industrias e o mega complexo da Quinta da Malafaia, para voltar às margens do Neiva, junto à ponte da EN13 que faz fronteira com o distrito de Viana do Castelo.

Passamos pelo “engenho de Lizar”, defronte da “azenha da Ponte”, seguindo-se a “engenho da Carvalha”, um dos mais importantes engenhos de serrar madeira nas margens do Rio Neiva, a cerca de 3 km da foz, que funcionou entre 1906 e 1924. O complexo do engenho foi entretanto parcialmente recuperado, numa intervenção muito discutível.

Seguiu-se a “azenha do Castelo” ou “azenha do caseiro”, a “azenha do Adriano” e finalmente o conjunto das “azenha da Guilheta”, “ S. Sebastião” ou “Azenha da Branca” , onde tiramos mais uma aprumada foto de grupo.

O pontão que cruza aí o rio foi recentemente reconstruído, mas foram usados blocos graníticos de corte e aparelhamento industrial, que nada tem a ver com as antigas lajes usadas. É uma pena que estas intervenções não sejam supervisionadas por alguém ligado ao património que faça defender a sua identidade.

A última tirada foi cruzar o lugar de Outeiro até à capela de Santa Tecla, onde nos aperaltamos para a segunda fase do encontro, marcada para o restaurante do Café Sport de Viana do Castelo.

E foi em animado convívio que celebramos mais um Natal da Vianatrilhos – Grupo de Montanhismo de Viana do Castelo

José Almeida
Vianatrilhos

Dados do percurso

Informação sobre os aspetos mais significativos:

Data 2017-12-16
Hora de início 08:54
Hora do fim 13:24
Tempo total do percurso 4h 29m
Velocidade média deslocação 3.23 km/h
Distância total linear 12,9 km
Distância total 12.9 km
Nº de participantes 30