Manhã bem cedo abri as cortinas. Um belo dia finalmente! Houve que fazer as malas para deixar o hotel e preparar a mochila, pois após o pequeno almoço nova aventura nos esperava.
Enquanto se aguardava, foram de forma espontânea as Mães do nosso grupo em seu dia dedicado, presenteadas com uma inesperada serenata, com as capas negras colocadas em suas costas, ao som de uma bem afinada Tuna composta por membros de várias universidades de Lisboa.
Findo isto, e para cumprir horários partimos novamente em direção á Lagoa Comprida com passagem pela Torre.
Chegamos à Lagoa Comprida (1580m) cerca das 09H15. Dia limpo, paisagem deslumbrante mostrando-nos toda a beleza da Serra da Estrela.
Esta é a maior de todas as Lagoas serranas, constitui o principal reservatório de água da Serra da Estrela, sendo um antigo Glaciar, aproveitando o Covão aí existente. Neste local desaguam dois túneis, o do Covão do Meio que desvia as águas das encostas da Torre, e o do Covão dos Conchos que desvia as águas da Ribeira das Naves.
Após breve reunião, no sentido da direção a escolher para iniciar o percurso, resolvemos optar por seguir em direção do Covão dos Conchos através de um estradão florestal em razoável estado, ladeando o grande lago.
Passamos um pouco à frente por outra pequena lagoa, e continuamos subindo ligeiramente até atingirmos o local denominado por “Charcos” (1700m) pequeno planalto semeado de charcos (lagoas glaciárias) que na Primavera se cobrem de ramúsculos de flor branca, e no Verão servem de bebedouro aos gados transumantes. As águas paradas e as temperaturas baixas destes locais, permitem uma decomposição lenta e imperfeita de espécies de flora e fauna, que se vão depositando no fundo, em camadas de sedimentos que se sucedem no tempo. As lagoas vão desaparecendo e os cervunais(1) ocuparão o seu espaço.
Mais à frente num local em que se entrecruzam dois trilhos, o da direita que vem da Nave Mestra uma joia da serra. Nós seguimos pelo da esquerda que após breve descida nos levou até á 3ª. das lagoas a “Lagoa do Covão dos Conchos”(1690m), mais uma das Lagoas que faz parte do aproveitamento hidroelétrico da Serra da Estrela, construída em 1955 em betão e granito. Esta pequena barragem desvia as águas da Ribeira das Naves para a albufeira da Lagoa Comprida através de um túnel com 1519m. Este local era aguardado por todos para se ver o tão falado “Funil” que parece engolir as águas da lagoa.
Tiradas as fotos da praxe, houve alguma dificuldade em apanhar o rumo em direção da próxima Lagoa. Foi muito a custo que foi feita a progressão por entre a alta e fechada vegetação, sem carreiro ou trilho definido, unicamente a vegetação ligeiramente partida e algumas dispersas mariolas nos indiciavam o caminho certo. Lá fomos progredindo lentamente na procura do caminho, por entre grandes blocos de granito pelo nosso lado esquerdo e pelo direito o Vale da Nave Descida e Lapinha que parecia para lá nos querer levar.
Foi na realidade muito a custo, mas através de espetaculares recantos que atingimos a 4ª das Lagoas a “Lagoa Redonda” (1630m). Esta Lagoa natural fica situada numa depressão formada durante o último período glaciar, conta com excelentes exemplos das formações originadas pela passagem do glaciar, estando rodeada de altas escarpas, sendo uma das mais “inacessíveis” da Serra da Estrela.
A partir daqui sempre em fila “pirilau” seguimos contornando penhascos, cruzando pequenas linhas de água que sob os nossos pés iam surgindo como que pequenas armadilhas escondidas sob a vegetação. Vagarosamente lá íamos progredindo com muitos cuidados mesmo assim não suficientes para evitar que o companheiro Filipe tivesse um pequeno percalço torcendo um tornozelo obrigando a que fosse chamada a “emergência médica” para prestar o respetivo apoio e tratamento. Com o spray milagroso e ligaduras se procedeu ao “arranjo” com as mãos da enfermeira Fernanda, e que com a vontade e o querer do “sinistrado” o levaram a “bom porto”, passando ainda através de mais uma Lagoa, a 5ª denominada de “Lagoa Seca”, a mais pequena, mas com a particularidade da sua beleza através do grande manto de flores que a cobriam, dando-lhe características diferente das restantes.
Daqui para a frente o caminho é um pouco melhor, não deixando no entanto de se continuar a caminhar sobre manto de alta erva própria da serra (cervais), como que semeada por entre manto de água.
Mais um pouco e atingimos um cano de água, que recolhe as águas, e por baixo deste, bem abaixo, podemos ver a “Lagoa do Covão do Curral”.
Estávamos um pouco atrasados, mas conseguimos entretanto rede móvel para comunicar com aqueles que nos esperavam, assim como acertar horas com o restaurante onde marcamos o almoço.
Seguimos assim por cima do cano de água passando pela 6ª e última lagoa a “Lagoa do Covão do Forno” (1580m) mais uma das que fazem parte do sistema hidroelétrico da Serra. Daqui até ao final ainda houve que caminhar cerca de 750m. sobre o cano.
Finalmente chegamos ao objetivo na Lagoa Comprida, local em que iniciamos esta nossa aventura e onde já nos esperavam os companheiros/as não caminheiros que entretanto tinham ido a compras até Seia onde puderam visitar o “Museu do Pão”.
Feitas as mudanças higiénicas e arrumadas as mochilas, lá fomos estrada abaixo contemplando toda a beleza serrana, relembrando algumas das passagens do percurso que havia-mos realizado, até ao Sabugueiro, onde no restaurante “O Mirante da Estrela” fomos brindados com um bem servido Almoço Serrano composto por entradas de tábuas de queijo e enchidos, sopa à pastor, com os pratos de bacalhau com broa, arroz de carqueja com costeletinha, chanfana beirã (cabra), sobremesa com buffet variado de doces e fruta e em especial confeção “cheesecake de requeijão”, tudo isto bem regado com vinhos da região finalizando com café e variados digestivos. Grande mesa alegre e divertida, denunciando uma bela jornada passada na Serra da Estrela.
Feitas as ultimas compras e despedidas, nos carros e autocarro seguimos em direção a nossas casas esperando ter sido do agrado de todos esta iniciativa.
Até à próxima!
Miguel Moreira(1) cervunais - prados de gramíneas onde predomina o cervum (Nardus stricta)
Lagoa Comprida
Esta é a maior das lagoas serranas!
Sendo um antigo glaciar com um quilómetro de extensão, e aproveitando o covão
existente, iniciou-se em 1912 a construção da barragem.
Em 1914 tinha uma altura de 6 metros, em 1934 atingia já os 15 metros, tendo
neste momento uma altura de 28 metros.
É uma barragem do tipo gravidade, formada por três arcos de alvenaria de granito
com 1200 metros de desenvolvimento.
A albufeira tem capacidade de cerca de 12 milhões de m3 de água e inunda uma
área de 800.000 m2. Neste local desaguam dois túneis, o do Covão do Meio, com
2354 metros que desvia a água das encostas da Torre e o do Covão dos Conchos com
1519 metros que desvia as águas da Ribeira das Naves.
Barragem do Covão dos Conchos
A barragem do Covão dos Conchos é mais uma das lagoas que faz parte do
aproveitamento hidroelétrico da Serra da Estrela.
Construída em 1955 em alvenaria de betão e granito com 4,6 m de altura, 48
metros de coroamento, tem uma capacidade útil de armazenamento de 120 mil m3.
Esta pequena barragem desvia as águas da ribeira das Naves para a albufeira da
Lagoa Comprida através de um túnel com 1519 m .
Lagoa Redonda
Esta lagoa natural fica situada numa depressão formada durante o último período glaciar, a Lagoa Redonda conta com excelentes exemplos das formações originadas pela passagem do glaciar, estando rodeada de escarpas altas, sendo uma das mais inacessíveis da Serra da Estrela.
Lagoa do Covão do Curral
Esta é mais uma lagoa artificial que faz parte do sistema hidroelétrico da Serra da Estrela. Localizada a 1479m de altitude, esta lagoa aproveita as águas da ribeira da Nave Travessa.
Lagoa do Covão do Forno
É uma Lagoa Artificial que faz parte do complexo sistema hidroelétrico da
Serra da Estrela.
Esta lagoa fica próxima da Lagoa comprida, o seu acesso é fácil bastando seguir
o canal de água existente proveniente da lagoa comprida.
Informação sobre os aspetos mais significativos:
Data | 2017-05-07 |
Hora de início | 09:08 |
Hora do fim | 13:28 |
Tempo total do percurso | 4h 20m |
Velocidade média de deslocação | 2.77 km/h |
Distância total linear | 10.2 km |
Distância total | 10.5 km |
Nº de participantes | 27 |
Partida de Viana de Castelo na 6ª Feira, dia 05/05/2017 às 09:30 do Café Vitral, almoço volante e dormida na Covilhã.
Percursos "Rota do Glaciar" no sábado e "Rota das 6 Lagoas" no domingo de manhã, com regresso após almoço.