Neste regresso às terras de Coura repetimos um percurso feito com os Celtas do Minho há precisamente 19 anos, que nos deixou sempre uma saudade muito especial, pelas amplas paisagens e os majestosos carvalhais de outono.
Como na altura não havia mapas pormenorizados, muito menos GPS’s e smartphones, fizemos todo o planeamento com a já fraca memória, valendo-nos de um folheto, que embora tosco, serviu de base a esta nossa atividade, tendo fé que os caminhos e trilhos marcados ainda existissem e pudessem ser utilizados.
A manhã apresentava-se fresca mas radiosa e foi defronte da igreja do Bico que nos reunimos, aguardando um pouco pelos companheiros limianos, que mais uma vez confirmaram o provérbio de “tão perto e… tão longe” ou "os de perto são sempre os últimos a arribar".
Talvez fruto dos maus resultados do Glorioso, com prematura exclusão da Liga dos Campeões, desta vez da Invicta Cidade... não veio qualquer representação!
Começamos seguindo pelo caminho da Coutada, ladeando campos agrícolas para norte, na direção do lugar de Esteve, onde cruzamos a estrada municipal e iniciamos a subida da estrada da Lomba.
Um pouco mais à frente deixamos o alcatrão e seguimos um caminho de acesso aos campos até a uma exploração agrícola, onde apanhamos uma levada de servidão de diversos lameiros, que atravessamos com dificuldade, já que havia que transpor diversas vedações de terrenos e campos, mas lá fomos pelas extremas, fugindo aos lameiros e não incomodando o gado até um moinho, meio perdido no denso matagal, onde terminava essa levada.
Transposta mais uma vedação, tomamos outra levada de servidão dos verdejantes prados e campos de cultivo do lugar de Aldeia. A progressão era então lenta, pois o terreno pesado e a muita água dos lameiros prejudicava o avanço do grupo e provocou mesmo algumas pequenas escorregadelas e alguns “encharcanços” dos mais incautos, que não levavam o calçado adequado para estas paragens.
Chegados ao alcatrão, o ritmo normalizou e subimos pela "Estrada de Fátima" para o lugar da Aldeia, em Vascões, tendo feito uma paragem na antiga Igreja Matriz, onde aproveitamos para fazer a tradicional foto do grupo.
Mas o tempo apertava, e ainda havia muito para andar, pelo que coube ao Miguel sensibilizar os mais lentos, para a necessidade de “dar mais às pernas e menos à língua”, pois ainda havia muito que andar.
Depois de passar pela Igreja Nova de Vascões, consagrada a Stº António, tomamos o caminho do Crasto, na direção da Colónia Agrícola de Lamas.
Cruzada a ribeira de Reiriz, seguimos pela sua margem esquerda até apanhar a longa reta que cruza todo o Monte de Lamas, até à proximidade da colónia agrícola, onde existe um conjunto de mamoas, parte integrante do importante Núcleo Megalítico da Chã de Lamas, prova que este território foi povoado desde os tempos pré-históricos.
Aí deixamos o estradão e cortamos para a Lagoa da Salgueirinha, que para além dos evidentes encantos naturais, tem ainda associada a curiosa lenda que reza que “No sítio chamado Lameiro da Salgueirinha, está submergida uma cidade, e que na noite de S. João, se ouve tocar debaixo da terra, um sino de ouro.”
Não ouvimos o sino, nem vimos o ouro e ainda menos a cidade, mas os bancos da Charca Pedagógica serviram para fazer a pausa matinal e meter qualquer coisa à boca. Aproveitou-se ainda para fazer o levantamento de quem queria ficar para o “lanche”, que não estava previsto no programa - falhanço grave!, mas entretanto reclamado pelos presentes, já que era a caminhada de Natal…, e no Natal há que celebrar!
Dirigimo-nos depois para a Colónia Agrícola do Chão de Lamas, vestígio do tempo em que a Junta de Colonização Interna tomou posse de vários baldios, promovendo a ocupação e exploração agrícola de zonas mais recônditas, em prol de melhores condições para os pobres da terra, que ostenta ainda o lema: Pedia a Deus um conselho / Para encontrar alegria / Deus mostrou-me a terra e disse: / - Trabalha, semeia e cria.
Desta vez não visitamos a semiabandonada colónia e dirigimo-nos às “Portas de Cabanas” para tomar à direita, o estradão florestal que vai para o marco geodésico do “Curro de Agosto”.
É um ponto de excelência para contemplar o vale do Vez e como pano de fundo a serrania da Peneda, com o alto da Pedrada e do Pedrinho (Peneda) a destacar-se no horizonte, sobre um manto de névoa matinal que ainda persistia sobre o vale.
E o Miguel lá foi mostrando aos mais curiosos os locais que já visitamos, recordando-lhes o nome das serras, das aldeias, das muitas brandas e inverneiras e dos fojos que visitamos ao longo de tantos anos de passeios na serra.
Depois da contemplação retomamos o caminho para sul, na direção da Ramalhosa e ponte de S. Mamede.
Aí é que as coisas se complicaram!
No carta militar e vista de satélite a coisa até era fácil... mas na realidade o caminho estava quase totalmente tapado com silvas e giestas, pelo que foi à “paulada” que fomos abrindo caminho, com os bastões virados em improvisados cajados, que lá conseguimos, a muito custo, encontrar o modo transpor um pequeno ribeiro e apanhar um trilho que nos conduziu à ponte de S. Mamede, onde transpusemos a estrada municipal, tomando agora a margem esquerda do ribeiro de Rio de Moinhos até um pontão junto a uma pequena soalheira enseada, local escolhido para um já tardio e muito reclamado almoço.
Partilhado o farnel e descansadas as pernas, chegou o momento sempre solene da cerimónia do batismo de duas novas companheiras, a Maria Berta Pires e a Francisca Vieira, que se estrearam nestas lides, mas demonstraram uma capacidade de adaptação notável, já que mesmo com os pés encharcados e braços arranhados, conseguiram superar as dificuldades com destreza e satisfação.
Cantada a ladainha e feitos os brindes, continuamos a nossa marcha para sul por caminhos rurais já há muito abandonados, entrando pouco depois numa zona de denso carvalhal da Paisagem Protegida do Bico, que com os seus tons outonais nos deslumbrou os sentidos.
Esta floresta, antes classificada como Mata Nacional, resultou da plantação levada a cabo no período do Estado Novo, pela Junta de Colonização Interna, destacando-se o carvalho, o vidoeiro, o castanheiro, a faia, o pilriteiro e o azevinho.
O nosso destino era o Alto dos Morrões, onde visitamos as ruínas de uma casa, que ainda ostenta na fachada uma imagem e os dizeres “Mater purissima, ora pro nobis”, seguindo depois para a casa florestal da Atalaia, onde viramos para a norte, na direção de Túmio, continuando num estradão florestal bem embrenhado em denso carvalhal.
Antes de Túmio regressamos aos terrenos agrícolas e às levadas de irrigação dos verdes pastos, que seguimos, tomando depois o caminho da Tojeira e depois a estrada de Nª Srª do Rosário para o Bico , onde chegamos pouco depois.
Aí nos separamos, tendo uns quantos regressado a suas casas, mas o grosso da coluna rumou ao 27, onde celebramos a quadra natalícia em franca camaradagem, com uns aperitivos regionais variados, um bolo-rei “escangalhado” e um verde branco bem fresco, que serviu para brindar à Vianatrilhos e a todos os participantes.
Bom Natal e…
Até 2016!
José AlmeidaVianatrilhos
Informação sobre os aspetos mais significativos:
Data | 2015-12-12 |
Hora de início | 10:30 |
Hora do fim | 17:01 |
Tempo total do percurso | 6h 30m |
Velocidade média de deslocação | 3.31 km/h |
Distância total linear | 17.4 km |
Distância total | 17.7 km |
Nº de participantes | 26 |