O dia adivinhava-se quente, com previsões meteorológicas de alerta amarelo para quase todo o país, que apontava para uma subida gradual de temperatura, em especial da máxima!
Às 08:15, já com o sol alto e quente arrancamos, e depois de ir deixar os carros no final previsto para este percurso, seguimos para S. Paio de Jolda, freguesia de Arcos de Valdevez, especificamente para o lugar do Carregadouro, outrora ponto de passagem para a outra margem e que teve enorme importância para a economia da região. Aí se fazia por barco, a passagem de mercadorias e pessoas para a Freguesia de Gandra, concelho de Ponte de Lima.
Enquanto se aguardava pelo regresso dos condutores, fez-se a distribuição dos folhetos e o Miguel, que fez os levantamentos parciais, explicou que esta ecovia do rio Vez tem o seu início a poucos quilómetros da ecovia de Ponte de Lima, que percorre a margem direita do Lima, faltando apenas um curto troço para a sua interligação, o que irá futuramente possibilitar o percurso integral entre Ponte de Lima e Arcos de Valdevez, bem como posteriormente a ligação a Sistelo.
A Camara Municipal de Arcos de Valdevez, que está ainda a finalizar a construção do traçado da ecovia até Aboim das Choças, adjudicou o ano passado o traçado da 2ª fase entre a Ponte de Vilela e a freguesia de Sistelo, cobrindo assim, praticamente todo o percurso ribeirinho do vale do rio Vez, desde que deixa a montanha que o viu nascer, até à confluência com as águas do Lima.
Lá arrancamos, pelas 10:00 seguindo sempre pela margem direita do Lima, passando pelas freguesias de Padreiro, Távora e Souto.
À nossa direita, o Lima espraia-se calmamente pelas margens, agora numa toada calma, mas que se torna a qualquer momento numa forte correnteza, quando há descargas da barragem de retenção de Touvedo, que faz parte do aproveitamento de águas do complexo do Alto do Lindoso.
Reza a lenda, que guerreiros Celtas durante uma incursão às terras do Limea, ao atravessá-lo, perderam o seu chefe e a memória das suas origens, pelo que o rio passou a ser chamado de Lethes ou Oblívio, ou seja, Rio do Esquecimento.
As pesqueiras, estrategicamente colocadas nas zonas mais estreitas do Lima, com os seus grossos paredões de pedra, mais ou menos perpendiculares em relação à corrente, são agora apenas uma recordação das pescas do salmão, lampreia e outros peixes, que são agora raros até para os pescadores desportivos das suas margens.
Chegados à confluência do Vez, começamos a sua subida, também pela sua margem direita, passando pelas freguesias de Guilhadeses e Santar, continuando até aos Arcos de Valdevez onde fizemos a refeição no Campo do Transladário, muito perto da Ponte Velha, cujos arcos deram o nome à vila, quase defronte do Cruzeiro dos Milagres.
A sombra das frondosas árvores serviu de consolo aos encalorados caminheiros, que sofreram bastante durante a manhã, embora o percurso tivesse quase na totalidade decorrido sob a densa vegetação que ladeia as margens do Vez.
Comemos muito perto da escultura de José Rodrigues, que evoca o Torneio de Arcos de Valdevez, também conhecido como o “Recontro de Valdevez”, na chamada "Veiga da Matança", nas margens do Vez, quando D. Afonso Henriques defrontou e levou a melhor a Afonso VII de Leão e Castela.
Segundo a história, para evitar uma maior carnificina, foram selecionados os melhores cavaleiros de ambos os lados, para lutarem num torneio ou justa, tendo a sorte das armas pendido para o lado português.
Depois do almoço, houve ainda tempo para uma curta visita ao centro histórico, tendo passado pela Praça Municipal, com o edifício da Camara Municipal e Pelourinho, a Igreja Matriz, Casa das Artes e Igreja do Espírito Santo, magnificamente enquadradas no Jardim dos Centenários.
As vistas do Jardim dos Centenários para os telhados da vila e para as serras em redor pagaram o esforço da visita, mas como o tempo urgia, descemos para o Campo do Transladário, defronte da ponte pedonal e açude, que permitem agora nova passagem para a outra margem do Vez.
Depois do café da praxe seguimos a preguiçosa curva que o rio Vez descreve e fomos até à Praia Fluvial da Valeta, zona balnear muito procurada como espaço de lazer e recreio. Foi neste belo cenário que tiramos a foto de grupo, infelizmente incompleta, pois alguns dos companheiros optaram por dar uma fugida até ao bar panorâmico mais adiante.
Não ficaram todos… mas ficou o registo da maioria, bem divertida por sinal, mesmo debaixo da esturriqueira do sol a pique, num início de tarde verdadeiramente sufocante.
Mas havia que continuar, pelo que lá fomos pela margem acima, ora em passadiços novos de sólida construção, ora em terrenos mais ou menos bem compactados, ora em troços ainda sem qualquer intervenção, em que a progressão resultava mais difícil e demorada.
Passamos finalmente defronte da praia fluvial do pontilhão de Pogido, local já nosso conhecido de outras andanças, onde fizemos uma pausa a aguardar os retardatários, que tardaram bastante a aparecer, cansados e desidratados pelo forte calor que teimava em aumentar.
Quando o Miguel chegou e disse que seria aí o lanche ajantarado… foi a debandada! A maioria dos esbaforidos caminhantes não se conteve… e tirou as botas e demolhou os estafados pés nas águas cristalinas do Vez, recusando liminarmente a prevista progressão até à Ponte de Vilela.
E foi vê-los a curtir os pés… e não só, acenando aos valentes que continuaram a marcha programada, atravessando as freguesias de Rio de Moinhos, Sabadim e por fim Aboim das Choças.
Neste trecho do percurso há ainda bastante a fazer para configurar devidamente a ecovia, pois parte do caminho é em seixo e pedra rolada, o que dificultou bastante a marcha. Encontramos uma equipa a pavimentar uma zona, já perto do final, pelo que pelo menos os trabalhos prosseguem, mas devagarinho… embora alguns políticos os tenham dado como concluídos!
O Higino à frente a marcar o ritmo, imprimiu um andamento forte, alheio às dificuldades acrescidas do terreno, à falta de sombras protetoras e ao cansaço generalizado, o que levou à desfragmentação do grupo.
O ritmo era tal, que parei para apertar os atacadores… e não mais consegui estabelecer o contato visual com os endiabrados batedores, que embalaram sem paragens, nem abrandamentos até ao final do percurso, nas imediações da Ponte Medieval de Vilela.
Depois das pressas… foi a espera!
E uma espera bem longa, pois os restantes companheiros vieram como podiam… no seu passo vagaroso e não se deixaram entusiasmar pelo andamento endiabrado do grupo da frente.
Talvez valha a pena, na próxima, adequar a progressão do grupo ao andamento dos mais lentos, para se evitar estes tempos mortos.
Depois de ir buscar as viaturas, fomos todos até ao magnífico bar Beira Rio no Pontilhão de Pogido, onde nos esperava o lanche ajantarado, que estava há muito marcado, para celebrar o fecho da época.
Fomos servidos na esplanada sobranceira ao Vez, num belo fim de tarde, regado com um branquinho divinal e umas tapinhas variadas muito bem confecionadas. Foi uma maravilha!
Tempo para muita conversa e para os costumeiros brindes. Por fim, uma alusão à mensagem da companheira Maria José, ausente por motivos de saúde, a quem desejamos uma rápida e total recuperação.
Para Setembro há mais!
José AlmeidaVianatrilhos
Informação sobre os aspetos mais significativos:
Data | 2015-06-27 |
Hora de início | 09:55 |
Hora do fim | 16:15 |
Tempo total do percurso | 6h 19m |
Velocidade média de deslocação | 3.61 km/h |
Distância total linear | 22.7 km |
Distância total | 22.9 km |
Nº de participantes | 40 |