Foi uma aventura!
Desta vez coube ao Rego a organização do percurso nas Terras de Arouca.
Todos cumpriram à risca, pelo que desta vez saímos à hora marcada, tendo o "rendez-vous" com os companheiros do Porto decorrido sem esperas ou pausas, pelas 07:50.
Tudo perfeito até Arouca, onde paramos para o pequeno almoço e depois dos Pimentas chegarem, seguimos para o nosso destino serrano, que se fazia tarde!
E foi aqui, na subida de Ponte de Telhe para Regoufe, que começaram os problemas!
A estrada era estreita e de elevado pendor, pelo que talvez com o esforço a que foi sujeita, a caixa de velocidades da camioneta bloqueou em 1ª, obrigando a prolongada paragem para determinar a causa da avaria e tentar encontrar uma solução para este azar.
A coisa não se mostrou fácil, telefonemas para cá e para lá, mas nada... e o tempo ia inexoravelmente passando, para desespero do Rego e demais companheiros, que começaram a temer pelo sucesso desta saída por Terras de Arouca.
Havia que tomar decisões! Depois de breve troca de ideias, chegou-se ao consenso de seguir com a camioneta, mesmo só em 1ª velocidade até à aldeia mais próxima - Castelo de Paivô (a cerca de 4 Km) e fazer o percurso por rota inversa à planeada.
O Rego tinha pensado o percurso a iniciar em Regoufe, ir até Drave, regressar depois a Regoufe e descer para Covelo de Paivô. Era um percurso com apenas alguma dificuldade na subida inicial ao Alto de Belide, mas depois era maioritariamente a descer até Covelo.
Mas face a este imprevisto, trocaram-nos as voltas e tivemos que começar em Covelo de Paivô, já pelas 11:00, depois de dar uma volta pela bela aldeia, para depois penar na forte subida para Regoufe.
O dia estava quente, o sol a bater em cheio na encosta, nem sequer uma brisa a ajudar... foi duro, mesmo muito duro, suportar tanto calor numa subida longa, que parecia nunca mais acabar!
Em contrapartida a paisagem à nossa direita, para o vale do rio Paivô e para o fronteiro Corucho da Pena Ruiva - Serra da Ribeira, era magnífica.
A ascensão continuava dura e mais à frente pudemos ver a confluência do rio Paivô, com a ribeira de Regoufe.
Mais para a frente a subida suavizou, a calçada melhorou, sempre debruçada sobre a ribeira, e começamos a divisar primeiro um conjunto abandonado de casebres e depois as casas de Regoufe, onde chegamos já pelas 13:00.
Nova troca de impressões, pois havia que decidir onde fazer a pausa de almoço, face ao adiantado da hora.
O estomago puxava para um lado, mas a subida que nos esperava para o Alto de Belide recomendava um adiamento do repasto, deixando para mais tarde a paragem, pelo que prolongamos o nosso esforço e seguimos para Drave.
Atravessamos a ribeira de Regoufe e iniciamos mais uma penosa subida, por um amontoado de pedras xistosas soltas, que não se pode chamar de caminho, na direção do Alto de Belide, também chamado de Garra do Alto de Belide, onde conflui o caminho que sobe de Drave e o que desce do Portal do Inferno.
A subida também foi dura, mais pelo piso de pedra solta que pelo pendor, mas lá fomos a suar às estopinhas, na hora de maior calor do dia! Mais uma dura prova de resistência!
Superada a subida, com várias queixas sobre a classificação da dificuldade do percurso... descemos para Drave, primeiro por estradão largo ao longo do rio Paivô , depois por uma interessante calçada que serpenteia o vale da ribeira de Palhais, avistando ao longe a aldeia abandonada de Drave, encaixada na vertente das montanhas, com a sua capelinha branca a destacar-se do negrume das pedras xistosas das ruinas envolventes.
Chegamos já passava das 14:00, pelo que a prioridade foi procurar uma providencial sombra na margem da ribeira de Palhais, aí meter qualquer coisa à boca e descansar o corpo desta manhã imprópria para cardíacos!
Ainda houve quem tivesse coragem e energia para um banho nas gélidas águas da ribeira... mas para a maioria de nós a prioridade foi mesmo "dar ao dente" e descansar, que o corpo pedia!
Depois fomos à Aldeia Mágica de Drave!
É difícil descrever o encanto desta aldeia serrana, perdida do tempo e dos homens, que fica quase invisível numa cova, entre a Serra da Freita, Serra de São Macário e Serra da Arada.
Melhor que as palavras, são as fotos e o vídeo que junto, que evidenciam a beleza da aldeia de Drave, cujas primeiras referencias conhecidas remontam ao reinado de D. Dinis.
As casas de lousa, com telhados de xisto formam um conjunto único, com a alva capelinha Nossa Senhora da Saúde a destacar-se do conjunto. A capela foi mandada erigir pela família Martins na década de 50, sendo esta também, a última família a deixar definitivamente o local, já no ano de 2000.
Felizmente os Escuteiros interessaram-se por Drave, adquirindo parte dos terrenos e casas, tornaram o local num Centro Escutista de Excelência Natural e Ambiental, o que impediu a acelerada degradação desta mística aldeia, dando um impulso na sua recuperação.
Após a foto de grupo junto à capela, regressamos a Regoufe pelo mesmo percurso, já que a ida pelo Alto de Drave ao Portal do Inferno estava já para além do que estava previsto.
Depois foi o salve-se quem puder! Ninguém esperou por ninguém e formaram-se vários grupelhos que rumaram como puderam para o café de Regoufe! Nem sequer se aventuraram a ir até à cercana mina da Poça da Cadela, tal era ao desespero pelo regresso!
Mas como programa é programa, não dei parte fraca e fui... sozinho até à mina!
As instalações mineiras da Poça da Cadela são enormes. Tendo iniciado atividade na década de 15, sob patentes inglesas, chegou a ter mais de 1000 trabalhadores na extração do volfrâmio.
Embora já muito degradada, ainda são bem visíveis as edificações mineiras e as bocas das galerias.
Na altura da exploração do minério trouxe a Regoufe um progresso rápido e a riqueza de alguns, tal com Aquilino dos disse "O Volfrâmio foi para as populações do Norte, deserdadas de Deus, o que o maná foi para os Israelitas através do deserto faraónico."
Depois, com a sua desativação na década de 90, regressou o abandono e o processo de desertificação!
É a triste sina destas terras perdidas na montanha, longe de tudo e de todos!
Mas havia que regressar a Arouca, já que o nosso motorista conseguiu "desenrascar" uma solução precária para a avaria. Depois da compra de uns "docinhos lá para casa" iniciamos o caminho de regresso, tendo deixado os Portuenses no nó de Francos, continuamos rumo a Viana.
Mas afinal a camioneta... mesmo em frente ao Norte Shopping... apagou-se em plena faixa esquerda da Avenida AEP.
Se o transito já estava compacto... com a nossa paragem forçada na faixa da esquerda... ficou caótico!
Que fazer? Desta vez não ficou engatada em nenhuma velocidade!
Havia que empurrar! Pelo que foi "à broa" que tivemos que empurrar a camioneta até à bomba de gasolina, umas centenas de metros adiante. Foi um espetáculo gratuito para os muitos dos que nos acenaram, filmaram e fotografaram nestas cenas!
Um grupo de cansados caminheiros, depois de um dia extenuante a empurrar uma camioneta! Isto é que é resistência!
O nosso heroico motorista voltou a vestir o fato macaco e... não deixando os seus créditos por mãos alheias, reparou mais uma vez a reincidente avaria.
A etapa final foi feita com o coração nas mãos, a rezar para que a "coisa" se aguentasse até casa, o que acabou por acontecer sem mais problemas.
Foi uma jornada para não esquecer facilmente!
José AlmeidaVianatrilhos
Informação sobre os aspetos mais significativos:
Data | 2015-05-30 |
Hora de início | 10:45 |
Hora do fim | 17:33 |
Tempo total do percurso | 6h 48m |
Velocidade média de deslocação | 3.04 km/h |
Distância total linear | 16.3 km |
Distância total | 16.8 km |
Nº de participantes | 21 |