2015-02-21 Da casa retiro de Murço à Urzeira

Peneda

Ainda não foi desta que fomos ao Pedrinho!

A primeira tentativa foi em 2015-01-10, gorada pela muita chuva que se verificou nesse fim-de-semana, pelo que avançamos com esta nova data.

Desta vez às 09:00 lá estávamos na capela da Srª da Guia, na Aveleira, onde nos esperava um grupo de jovens caminheiros, prontos para o desafio, mas o tempo é que não estava pelos ajustes, pois embora estivesse sol para o vale da Peneda, na Aveleira estava muito enevoado, com o alto da Peneda totalmente oculto pelas nuvens baixas.

Chegado o grupo do Porto, fez-se um “briefing” de emergência, não para discutir a atual crise grega, mas para decidir o que fazer quanto ao percurso previsto, perante condições climatéricas tão desfavoráveis.

A baixa temperatura de 3ºC e o gélido vento norte arrefeceram os ânimos, mas não nos desmotivaram. O que nos demoveu do intento, foram as nuvens baixas que envolviam completamente o vale glaciar do alto Vez e ocultavam totalmente o alto da Peneda, desaconselhando um trajeto em que a beleza fundamental seriam as vistas!

A decisão unânime foi a retroceder para o vale da Peneda, seguindo para a casa abrigo da Branda de Murço, onde iniciamos um percurso alternativo.

Foi com um dia radioso, mas frio, que tomamos o estradão florestal defronte da casa abrigo de Murço e subimos pela corga da ribeira de João Cão.

A progressão foi aumentando gradualmente de dificuldade, mas tudo decorreu sem sobressaltos até cruzar a ribeira Escura.

Um pouco mais à frente fizemos a paragem de descanso numa cardenha que impressiona, quer pelas dimensões exteriores, quer pelo tamanho das pedras aplicadas na sua construção.

Daí para a frente é que as coisas aqueceram bastante pela dureza do trilho, que apresentava um declive muito acentuado, que nos dificultou a progressão, obrigando mesmo a breves paragens para não deitar os bofes pela boca!

Passamos dos 630m aos 1105m em menos de 4 Km. Foi obra!

Dirigimo-nos depois pela cumeeira para a branda da Cova, na margem da ribeira escura, com as suas casas de pedra dispersas pela vertente este do Guidão.

Seguiu-se a cabana da Urzeira, que nos serviu de refúgio para uma breve refeição, abrigados do forte vento que teimava em varrer este paradisíaco mirante, ponto de exceção para a contemplação da natureza, com a imensidão da serra em redor e uma vista que alcança as aldeias de montanha do outro lado do vale do Lima, com destaque para a aldeia da Ermida e a sua branda de Bilhares.

Findo o repasto, teve lugar a cerimónia do batismo dos caloiros nestas andanças, tendo sido eternizados desta vez a Flávia Paz, João Antunes, Carlos Fernandes, Helena Loureiro e Pedro Gonçalves, que na presença dos padrinhos e afinado coro, entoaram a ladainha e emborcaram o precioso néctar, tornando-se assim membros de pleno direito do Vianatrilhos - Grupo de Montanhismo de Viana do Castelo.

O regresso foi a corta-mato, circundando primeiro a serra e descendo depois vertiginosamente pelas Barras, para a branda de Murço, onde chegamos elas 16:00.

Acabamos no 27 a retemperar do esforço de mais um belo dia na serra da Peneda.

O Pedrinho que nos espere!

José Almeida
Vianatrilhos

Nos primeiros dias de Janeiro, deixaram-nos os amigos Viseu e Arlindo. Com estes nossos queridos companheiros aprendemos a passear nas nossas montanhas, sem pretensões desportivas ou quaisquer outras, mas apenas pelo simples prazer de convívio com a Natureza.

Aos familiares e amigos os nossos sinceros sentimentos.

Decorreu no passado dia 2015-02-14, a cerimónia de homenagem ao malogrado companheiro Arlindo.

O ponto de encontro marcado foi em Paradela, num dia muito chuvoso e frio, que não desmotivou os muitos amigos presentes para esta última homenagem.

A cerimónia teve lugar num pequeno alto, chamado Alto do Crasto (possível castro da idade do ferro, que teria sido bordejado pelas hostes de Soult na sua fuga em Maio de 1809) perto da capela de capela N. S. Fátima, num carvalhal cercano, com magníficas vistas para a albufeira, Cornos da Fonte Fria, capela de S. João da Fraga, Pitões das Júnias e Cornos de Candelas.

No final, alguns amigos mais próximos, evocaram o amigo Arlindo.

"O estarmos aqui hoje segue-se a um pedido escrito, dirigido a alguns de nós, deixado pelo Arlindo "caso pudesse ser feito!" Ficar no Gerês, na zona da Paradela de onde se avista a Barragem e os Cornos da Fonte Fria, junto a um carvalho."

Assim seja Arlindo!

E neste momento em que ainda te temos connosco mas já sabendo que afinal já não andas por aí perguntamo-nos porque te apreciávamos, com as tuas bizarrias e exotismos, o teu apurado sentido de INOportunidade.

Apesar disso ou talvez por isso mesmo. Por teres sido sempre tu próprio, nunca a representação de qualquer outro personagem. Abraçavas muitas coisas e transmitias o teu entusiasmo aos outros, contagiavas-nos com a natação, a ginástica, a discussão política, a história, a montanha e o Gerês e por aí fora, uma simples excursão a alguma casa de comidas se transformava num acontecimento, as laranjas ou as nozes eram fonte inesgotável de cavaqueiras.

Cirandavas sempre por aí , quase todos sabíamos que para além das visitas ao Ceuta ias às sessões de cinema a Gaia ou aos Fenianos ou à tertúlia na Unicepe ou ao canto. Hoje talvez não nos aconselhasses a estar aqui, já terias andado durante toda a semana atento à meteorologia.

Mas nós viemos, nós que ficaremos por cá mais um pouco viemos para te dizer que continuaremos a brindar à vida, à amizade também e ainda em teu nome. E quando calcorrearmos um qualquer caminho entre estas penedias estarás ao nosso lado e nunca te deixaremos ficar para trás."

Até sempre!

Um grupo de amigos do Arlindo

Dados do percurso

Informação sobre os aspetos mais significativos:

Data2015-02-21
Hora de início10:55
Hora do fim16:07
Tempo total do percurso5h 12m
Velocidade média2.26 km/h
Distância total linear8.2 km
Distância total8.5 km
Nº de participantes25