2015-01-10 Serra do Oural - Nascente do Rio Neiva

Já estava nos nossos planos há muito esta deslocação ao Oural, para procurar a nascente do rio Neiva.

Por esta ou aquela razão foi-se protelando este projeto, mas foi nesta manhã fria, mas radiosa de Janeiro, que rumamos ao Oural, partindo da aldeia da Armada, concelho de Ponde de Lima, já nossa conhecida das diversas subidas do rio Trovela atá à capelinha de S. Lourenço da Armada.

Desta vez o nosso destino era o alto do Oural, serra que deve o seu nome a lendárias minas de ouro, nunca encontradas. É aí que nasce o rio Covo que desagua no rio Lima em São Martinho da Gândara, o rio Neiva que desagua em Castelo do Neiva e ainda o rio Trovela que desagua também no rio Lima em Ponte de Lima.

Começamos para leste, entrando no concelho de Ponte da Barca, junto à aldeia de Porto Bom, subindo depois para o monte de S. Miguel O Anjo, onde fizemos uma curta paragem para observar o vale do rio Vade, com o alto da Pegadinha mesmo em frente.

Mas havia que prosseguir, pelo que urgia encontrar o caminho assinalado no topográfico militar, que rodeava o Coto Grande. Aí é que foram elas, pois "caminho" só de nome, já que tivemos que ir grande parte desse troço a "corta mato" por entre as giestas que o "engoliram" de tal maneira, que foi uma aventura chegar ao estradão florestal, no Poço do Agro.

Desaconselhamos que outros interessados no percurso façam este troço, pois está realmente muito tomado pela vegetação, pelo que será melhor atalhar mais atrás, pelo Chão da Ventosa, poupando-se assim muito tempo e esforço!

Mas estas coisas do "corta mato" também acrescentam um toque de adrenalina, que contrabalança o esforço e os muitos tropeções e arranhões nas silvas e giestas.

Tomamos de seguida o caminho do Alto do Oural, onde fizemos a já merecida pausa, quer para a costumeira foto de grupo, quer para se observar o vasto panorama ao redor, que abrange os distritos de Viana do Castelo, Braga e ainda se divisa ao fundo o de Vila Real.

Após uma breve passagem na mamoa do Oural, testemunho da longínqua ocupação humana destas paragens, procuramos e a custo localizamos a marca divisória dos concelhos de Ponte de Lima, Ponte da Barca e Vila Verde, seguindo-se a localização da nascente do Neiva - razão deste percurso!

Não foi fácil, pois com o tempo muito seco, não havia sequer sinais de água no local previsto, pelo que lá fomos descendo o seu rego seco, para mais a baixo encontrar um ténue fio de água que brotava da terra, iniciando o caminho para o seu inexorável destino - o mar em Castelo do Neiva.

A pausa para almoço foi perto da aldeia de Porrinhoso, concelho de Vila Verde, onde houve a costumada cerimónia de eternização dos novos caminheiros.

Foi com um coro afinado, na presença dos mestre caminheiros, que lhes serviram de padrinhos,  que foi entoado a ladaínha de batismo, atribuindo a Ana Ribeiro, Lúcia Melo, Sílvia Lopes, Filipa Castro e Teresa Pereira, a grande responsabilidade poder livremente participar nas atividades da Vianatrilhos - Grupo de Montanhismo de Viana do Castelo.

Há porém dúvidas sobre a validade legal da cerimónia, pois a logística falhou redondamente e houve uma lamentável falha no aprovisionamento do precioso nectar batismal, que se esgotou! Vamos a ver se não há recursos legais que impeçam a promulgação da eternização dos caloiros e obriguem à repetição de toda a cerimónia!

Na Boalhosa fizemos nova pausa junto à igreja, que curiosamente tem o seu relógio da torre todo empenado, seguindo-se um troço que bordejava campos de cultivo, até à proximidade da aldeia de Ameixoeira, concelho de Ponde Lima.

Aí cruzámo-nos com uma velhota, que levava um enorme fardo de folhas secas à cabeça que" são para queimar e botar nas batatas". A idade não perdoa, mas não se embaraçava com o fardo, equilibrado com a sachola, nem vergava com o peso, "isto não pesa senhor! é só folhage para queimar".

 Mais à frente cruzamos o rio Trovela e embrenhando-nos num denso carvalhal, que cruzamos até à aldeia da Armada, onde chegamos satisfeitos com mais um dia na serra.

O lavar dos cestos foi no 27.

 

Um bom ano de caminhadas!

José Almeida

Vianatrilhos