2014-05-31 De Lourido a Bilhares pela Chão da Escusalha

Depois de uma semana de tempo incerto, em que a chuva e o vento teimou em voltar a marcar presença, desta vez o S. Pedro colaborou e este Sábado foi excelente para a prática desta nossa caminhada pelas terras da Ermida.

Começamos no Lourido, tendo descido para o rio Froufe, que cruzamos junto a Outrelo, seguindo à esquerda, em direção a Britelo, contornando o alto de Cobras. Abandonamos pouco depois o caminho, para seguir um apertado, quase totalmente escondido no meio dos fetos e matagal, que nos fez subir a bom subir pela Cumieira, até à Chã de Cabanos.

E foi na Chã de Cabanos que tivemos oportunidade de ver alguns dos mais importantes vestígios megalíticos, de um conjunto referenciado como Necrópole Megalítica de Britelo.

Conseguimos aí ver as gravuras, descritas como "um imponente santuário de implantação topográfica muito idêntica ao Gião, com uma fase antiga onde se destaca um idoliforme que lembra o conhecido filiforme de Ridevides, e outra medieval ou moderna, presumivelmente ligada a um dos caminhos de Santiago" e ainda o belo Dolmen da Lapa da Moura, onde fizemos a costumada foto de grupo.

Seguimos cruzando o planalto, para à frente encontrar mais um conjunto de mamoas, testemunhos da utilização destas paragens como necrópoles megalíticas e posteriormente o aproveitamento destas estruturas milenares, que marcaram o início da fixação do homem nas zonas mais montanhosas da serra, como abrigos de pastores.

Continuamos pela chão da Escusalha, subindo a Ribeira da Abelheira, até a uma encruzilhada, abaixo do alto do Tombaril, onde conseguimos ver mais uma anta.

Depois foi a subida forte até Outeiro das Cordas, passando por uma bem conservada cabana, de apreciáveis dimensões, ainda em excelente estado de conservação, com campos de cultivo anexos, que nos fez pensar nas vida difícil dos seus anteriores ocupantes, desterrados nestes locais inóspitos, longe de tudo e de todos, perdidos nas serras, entregues a si próprios.

E foi tempo para a paragem de almoço, antes de descer para o Porto da Laje, onde se junta o rio Porto da Laje, com as águas das ribeiras da Cova e da Frieira, local escolhido para mais uma foto de grupo, antes de rumar para a já nossa bem conhecida Branda de Bilhares.

Junto a locais, indagamos sobre a existência dos vestígios da "igreja velha", que segundo alguns teria existido nesse local posteriormente ocupado pela branda de cultivo, ainda hoje utilizada pelos residentes da Ermida. Mas nada de concreto se conseguiu apurar, já que testemunhos da tal "igreja" ou convento não existem, podendo contudo as suas pedras ter sido reutilizadas nas construções existentes, nada restando, senão essa "lenda" a testemunhar eventual ocupação.

Seguiu-se uma pausa na típica aldeia da Ermida, com tempo para um café no largo da igreja e uma curta visita ao Núcleo Museológico da Ermida onde se encontram as célebres "Pedra dos Namorados" e "Estátua Menir da Ermida".

A pior parte estava ainda por vir, era descer para o Lourido pelas Cambas!

O forte calor e a acentuada descida fizeram estragos!

Pobres joelhos que sofreram a bom sofrer até à ponte sobre o ribeiro da Carcerelha, que marcou o final desta descida.

Só de pensar que este era o único acesso existente à Ermida, fez-nos meditar sobre a imensa dureza da vida dessas gentes, que para descer ao Lourido com as colheitas, para o transporte dos doentes e mortos, tinha que penar por estes carreiros, quase inacessíveis!

Enfim! Hoje seria impensável viver nessas condições!

Após uma curta paragem do Café do Lourido, seguimos para os carros, finalizando mais um belo dia nestas paragens da Ermida.

O fim de festa foi em Anha, onde celebramos o 75º Aniversário da sempre jovem Louise Ready, que com a sua idade, continua a fazer inveja aos caminheiros, novos ou mais "entrados", sempre à frente e a desbravar caminho!

Após a refeição, a anfitriã foi distinguida com uma cerimónia singela comemorativa do seu aniversário, complementada pela oferta de lembranças alusivas.

Foi um convívio animado, encerrado com essa merecida homenagem, a uma "minhota por afeição", estimada por todos, a quem muito agradecemos, pela sua partilha com os companheiros da "Vianatrilhos".  

José Almeida

Vianatrilhos