2014-04-23 De Olelas a Ribeiro de Baixo

O tempo estava incerto, mas há muito estava debaixo de olho subir o rio Laboreiro desde a Várzea até Ribeiro de Baixo.
Há anos chegamos até ao Encontro de Águas e atravessamos para a margem espanhola, subindo um pouco pela margem Laboreiro, mas não estávamos com tempo para mais, pelo que foi agora o momento oportuno para cumprir esse desiderato.

Começamos em Olelas, paróquia de A Illa, concelho de Entrimo, mesmo defronte da Várzea, por cima do Encontro de Águas na confluência do rio Laboreiro com o rio da Peneda.

A visão da Peneda em Olelas é magnífica, pois abrange todo o vale defronte, sendo visível Tibo, Roussas, e sua brandas empoleiradas nas vertentes serranas, cenário deslumbrante que nos encheu os olhos, mal iniciamos a marcha.

Avançamos pelo interior de Olelas, passando junto à sua singela igreja e descemos até ao Encontro de Águas, continuando pela margem esquerda do rio Laboreiro fomos subindo o seu apertado vale, primeiro num largo caminho recentemente arranjado pelo Parque, mas pouco depois pelo trilho de acesso às Pozas de Malón.

Este trilho está bem marcado e corre sempre muito próximo do rio Laboreiro, acompanhando os seus acentuados declives, sendo em certos trechos de difícil progressão, apresentando-se bastante escorregadio, pelo que se recomenda cuidado.
Um pouco mais á frente, depois de passar o acesso a uma ponte de madeira que cruza o Laboreiro, iniciamos a ascensão ao miradouro das Pozas de Malón.

As Pozas são espetaculares, com o Laboreiro a saltar graciosamente de patamar em patamar, formando 3 espetaculares piscinas naturais, cavadas pelas torrentes que o rio forma quando engrossa.

O acesso às Pozas é ingreme e difícil, devido ao alcantilado das margens, pelo que nos ficamos nas vistas do bem construído miradouro que nos proporciona uma visão inesquecível deste desconhecido lugar, que bem merecia mais divulgação.

Tirada a foto de grupo, retomamos o caminho seguindo na direção de Ribeiro de Baixo, que entretanto se começou a divisar, encaixada na vertente defronte do imponente Coto Medelo.

A subida era agora ligeira, com o Laboreiro a correr turbulento quase ao nosso lado, até atingir os primeiros campos de cultivo, que embora em solo espanhol, são cultivados pelos residentes de Ribeiro de Baixo, com autorização régia consagrada para o efeito.

Chegados a Ribeiro de Baixo, cruzamos a singela Ponte Internacional, que não é mais que um estreito passadiço de betão, mas que proporciona aos locais segura travessia, para acesso aos campos de cultivo defronte da aldeia.

A aldeia fica encaixada no fundo do vale, existindo dois lugares, um que fica na parte alta da mesma e outro que fica mais perto do rio. Daí, que parte da produção agrária faz-se em terrenos muito elevados em encostas íngremes e socalcos e outra a nível do rio em regadio.

Trepamos para a igreja, onde fizemos a pausa da refeição, aproveitando para apreciar a paisagem e aquecer o corpo ao sol, que nesta altura raiava, iluminando este espetacular cenário serrano.

Mas era tempo de partir, pelo que regressamos ao lado espanhol, para descer o rio Laboreiro, primeiro usando o trilho da manhã, mas infletimos depois à esquerda e iniciamos a subida do trilho que nos levaria a meia encosta diretamente até Olelas.

O trilho é mais acessível que o da manhã e tem um traçado muito linear, sempre a meia encosta, possibilitando a visão livre sobre o vale do Laboreiro e o alcantilado das suas vertentes, raiadas aqui e ali com longas quedas de água serranas, que engrossam o rio e proporcionam um espetáculo digno de menção.

Mas a parte mais espetacular da tarde estava para chegar e ocorreu quando chegamos a um morro onde apreciamos a confluência dos vales do Laboreiro e da Peneda.

A serra da Peneda vista ao longe revela ainda melhor a sua ocupação humana, pois vêem-se na perfeição as inverneiras e brandas, umas encravadas nos vales e as outras nas vertentes serranas, percebendo-se visualmente a sua proximidade e ligação ocupacional.

Neste ponto consegue-se ver Tibo e Ribeiro de Baixo no mesmo plano e campo de visão, estando Ribeiro de Baixo isolada no seu vale, e Tibo ladeado em 2º plano por Rossas e com as brandas de Gorbelas, Junqueira e Busgalinhas a meia encosta. À esquerda, a coroar o cenário, a sempre imponente Pedrada ainda com vestígios de gelo, domina o horizonte.

Depois foi o regresso a Olelas, com tempo ainda para apreciar o seu enquadramento paisagístico e alguns conjuntos de “hórreos”, ou seja espigueiros, tão típicos destas terras galegas.

Foi mais um belo dia na serra.

José Almeida
Vianatrilhos

Dados do percurso

Informação sobre os aspetos mais significativos:

Data 2014-04-23
Distância 12,6 Km
Tempo de deslocação 04h 41m
Tempo parado 01h 05m
Deslocação média 3.2 Km/h
Média Geral 2,6 Km/h
Nº de participantes 4