2014-03-22 Pelas Terras da Nóbrega ao Fojo da Laje

Aboim - Casais de Vide - Póvoa Dura - Bezeguimbra - Nogueira - Martinga - S. Simão - Aboim

O dia estava instável, ora com um sol raioso, ora de chuveiros, pelo que havia que equipar com impermeáveis, polainitos e até os providenciais guarda-chuvas.

Iniciamos o percurso no adro da Igreja de Nossa Senhora da Assunção de Aboim da Nóbrega, que foi em tempos remotos mosteiro de freiras beneditinas que datava da era românica, bem enquadrada por floridas japoneiras.

O nosso destino imediato era Casais de Vide, pelo que iniciamos a subida até ao lugar de Paço Jus, onde fomos ver a casa do Juiz, que atesta a importância que estas terras outrora alcançaram, já que foi Couto com juiz ordinário, procurador, vereadores, escrivães e demais funcionários, existindo ainda o antigo edifício da Câmara, Tribunal e Cadeia. Foi também sede do antigo concelho de Aboim da Nóbrega, extinto em 1853

No lugar de Outeiro pudemos ver a casa de D. João de Aboim, homem rico do reinado de D. Afonso III e seu mordomo-mor, que por descender das famílias Nóbrega e Aboim, deu seu nome a esta freguesia. Ficou conhecido como o Velho da Nóbrega que, entre várias outras façanhas, reconstruiu o poderoso Castelo da Nóbrega e expulsou os Mouros das Terras da Nóbrega

Subindo até  Chã grande, dirigimo-nos para norte, fazendo uma primeira paragem junto à capela seiscentista de S. João de Padornelo.

Face ao estado do tempo, decidimos não subir ao castelo da Nóbrega, onde se encontram as velhas ruínas do antigo Castelo de D. Ourigues-o-Velho, da Nóbrega, tendo continuado em direção ao Lugar das Lameiras, pelo “Caminho das Lameiras”, pelo que descemos até ao Parque de Campismo Rural de Aboim da Nóbrega.

Aí cruzamos o ribeiro de Lameira e rumamos à Capela de S. Sebastião, seguindo-se o lugar de Póvoa Dura, iniciando depois a subida para os Penedos do Inferno, mesmo acima de Bezeguimbra, onde fizemos mais uma paragem para decidir o percurso a tomar.

Estava prevista a descida à povoação e passar na capela de Stª Luzia e depois voltar a subir para a Laje, mas como recomeçou a chover granizo, decidimos atalhar e seguir em frente para o Fojo da Laje.

Este fojo é bastante distinto de muitos outros que já conhecíamos, pois a sua construção, embora mantenha os altos muros em V, com um poço no seu vértice, tem a particularidade de esse vértice não estar numa funda de terreno, estando mesmo acima do nível do fojo.

Junto à parede do fojo, pudemos ainda observar um curioso marco, com Cruz de Cristo quinhentista, que teria servido de demarcação de um couto de foral de D. Manuel, em 1513.

Descemos de seguida para o Cruzeiro da Fonte Fria e rumamos a Nogueira, onde fizemos a pausa para almoço no centro do lugar, aproveitando uma aberta do tempo para levar qualquer coisa à boca.

Em Nogueira um destaque para os seus belos espigueiros, encavalitados sobre o caminho e as curiosas “cabanas”, autênticas grutas escavadas no terreno, ainda hoje utilizadas para a guarda de lenha, alfaias agrícolas e carros de bois.

Como estava bastante frio a pausa foi muito curta, pelo que seguimos prontamente para Fornelos, continuando a descida por denso carvalhal até ao lugar de Martinga. Pelo caminho ainda houve tempo para, aproveitando uma curta aberta, fazer a foto de grupo, com o vale do Vade nas nossas costas e o Castelo de Aboim a encimar a paisagem.

Chegados a Martinga, seguimos para S. Simão, fazendo nova pausa de descanso junto da capela e depois descemos para o rio Vade (afluente do Lima em Ponte da Barca), para observar alguns dos seus mais interessantes moinhos, destacando-se o de Saragoche, junto ao turbilhão de uma vistosa cascata.

O último troço levou-nos de volta à igreja de Aboim da Nóbrega, onde ainda houve tempo para uma curta vista à igreja de Nossa Senhora da Assunção, antes de rumar ao 27 para a costumado lanche de encerramento

José Almeida

Vianatrilhos