2013-03-20 Pelas Arribas da Serra D'Arga

O ponto de partida foi S. Lourenço da Montaria. Subimos a ingreme calçada da Encosta do Curral que nos guindou até uma casa florestal  e um pouco mais acima à formação rochosa da Porta da Vila, onde foi tirada a "foto de grupo" neste singular local, que a natureza moldou.

Seguimos depois para o local em que se encontra um antigo povoado milenar ou antiga “Branda”, onde pudemos observar dispersos vestígios da sua ocupação humana.

O percurso seguiu a meia encosta, num troço paralelo à Chã Grande passando pela meia encosta do Alto da Chãzinha, atravessando a Corga do Regueiro da Póvoa, seguindo depois por entre os Três Coutinhos, até um conjunto de curiosas pedras, com os seus afloramentos cristalinos.

A pausa para almoço foi um pouco abaixo dessas pedras, abrigados  do vento que teimava em nos fustigar.

Depois de retemperados as forças, seguimos e descemos até à Chã do Guindeiro.

Aí tomamos o trilho dos caminheiros de S. João D'Arga, proveniente de S. Lourenço da Montaria, que abandonamos logo a seguir, para trepar pelo maciço rochoso, seguindo a meia encosta.

Depois de um troço a corta mato, acabamos por desaguar num caminho florestal, que liga a Pedrulhos.

Depois foi seguir a encosta da Branca até ao viveiro florestal de S. Lourenço da Montaria e daí ao local de partida.

O lavar dos cestos foi no 27, onde retemperamos as agruras deste belo dia serrano.

José Almeida

Vianatrilhos

Classificação de povoado milenar no cimo da Serra de Arga

 

Perdido nesse belíssimo Santuário da natureza que é a Serra de Arga, existe um povoado antiquíssimo que importa e urge classificar. Tudo indica tratar-se de um património arqueológico de grande valor. Não se sabe a idade nem a sua origem, mas parece anterior a qualquer aglomerado populacional das fraldas da Serra de Arga.

A sua situação geográfica é privilegiadíssima. O local, virado a sul, com uma vista deslumbrante sobre o vale do Ancora e sobre o mar, apresenta condições verdadeiramente singulares. O terreno quase plano, fértil, é banhado par um riacho a partir do qual se forma o rio que vai desaguar em Vila Praia de Âncora. Está dividido em diversas parcelas delimitadas com paredes e marcos graníticos, junto das quais existem pelo menos umas 30 casas redondas de pedra, cobertas com lajes, muito próximas ou ligadas umas às outras. Não apresentam, contudo, quaisquer vestígios de a pedra ter sido trabalhada ou aparelhada com ferramentas. Numa primeira impressão, mas que apenas cabe aos especialistas avaliar, parece tratar-se não de um povoado de caracter sazonal mas permanente.

Rodeado por três cotos que protegem aquele espaço dos rigores do inverno e dos ventos norte, o local apresenta condições ideais de pastoreio e permanência para pessoas e gado ao longo de todo o ano. Aliás, ainda hoje, curiosamente, pode ver-se como este é o sítio escolhido pelo gado para pastor, pernoitar e proteger- se do frio e do sol estival. É para Iá que vão as suas preferências em particular, agora, os cavalos selvagens, que tanta graça emprestam aquela Serra paradisíaca.

Sente-se naquele local uma mística, um encanto e uma paz difíceis de descrever. É um espaço que apela e convida à contemplação, ao enlevo. Não admira pois que as gentes de então a tivessem escolhido para viver e proteger-se.

No passado sábado, logo de manha cedo, um grupo de Amigos do Serra de Arga, vindos dos mais diversos lugares do concelho de Viana, rumou a este local, para pôr a descoberto este povoado, completamente escondido par giestas de grande porte, nascidas há cerca de 25 anos, após o grande incêndio que transformou a Serra de Arga num archote dantesco. A alegria e a satisfação que reinava no grupo era permanente e contagiante.

Liderados par Manuel Paula, em representação da Associação Cultural e Desportiva Montariense, um apaixonado pela sua terra e pela Natureza, a quem a Montaria já tanto deve ao seu abnegado esforço pela preservação do seu património histórico e cultural, os trabalhos decorreram com grande entusiasmo.

Cada um fazia o seu achado, e logo chamava os outros para que viessem ver. Venham ver esta! Olhem que perfeita! Era o encontro do presente com o passado, onde se perscrutava o sagrado das nossas origens. Alguns, de imaginação mais fértil e cómica, chegaram a encenar o quotidiano daquelas gentes. Trabalhou-se e suou-se muito. Mas o que se recebeu foi muito mais, do que aquilo que cada um deu. Era essa a imagem gratificante que todos mostravam, ao fim da tarde, e depois de terem partilhado as suas merendas. Todos prometeram continuar. Venham mais! Há lugar para todos. Fica aqui o apelo.

A limpeza desta estância só foi passive] graças ao uso de moto-serras, hábil e profissionalmente manejadas por Fernando Pereirinha e Meireles, Amigos do Serra de Arga.

Os trabalhos irão prosseguir até que tudo fique a descoberto, a fim de este património ser definitivamente classificado.

Manuel da Tianarosa

Falcão do Minho

Dados do percurso

Informação sobre os aspetos mais significativos:

Data 2013-03-20
Tempo de deslocação 04h 07m
Tempo parado 01h 27m
Deslocação média 3,3 Km/h
Média Geral 2,4 Km/h
Distância total linear 13.3 km
Nº de participantes 4