2012-10-13 Trilho da Srª da Graça

Finalmente subimos à Sra. Da Graça

Foi na realidade uma jornada em pleno, em que todos os factores se conjugaram no sentido de se ter realizado uma grande jornada de pedestrianismo.

Há quem diga que os gregos e os assírios andaram por Mondim, mas nada o pode garantir. Mais certos são os tempos castrejos, em que estes montes em volta de Mondim eram férteis em população. É nas reminiscências castrejas que tem de se procurar as origens do povoamento desta terra.

O percurso não se trata apenas de um simples trajecto que nos leva a um local paradisíaco, mas sim também um caminho de fé e de sacrifício um caminho de encontro e de procura, um caminho de súplica, mas também, de agradecimento a Nossa Senhora pelas graças concedidas. É também um caminho de história com muita história para contar, pois ao longo do seu percurso existem inúmeros vestígios do passado.

Não é um percurso fácil, por isso peregrinos na tentativa de aliviar um pouco o inevitável cansaço, vão rezando e cantando trovas à Senhora lá do alto.

Algumas dessas quadras populares, de sabor religioso, permanecem ainda na tradição dos seus romeiros.

Nossa Senhora da Graça
Eu pró ano lá hei-de ir
Ou casada ou solteira
Ou mocinha de servir


Nossa Senhora da Graça
Mandai varrer as areias
Que eu já rompi os sapatos
Não quero romper as meias.

Saímos de Viana ainda noite, cerca das 07H15 seguindo para Vila do Conde onde entrou o companheiro F. Vilaça, rumando então até Mondim de Basto onde já nos esperavam o Vladimiro e a Noémia mais as irmãs da Bia vindas de Vila Real e Fafe.

O dia apresentava-se um pouco enevoado e fresco não nos deixando divisar o nosso objectivo.

Após o cafezinho da praxe e pairando no ar algum receio pelo trajecto a efectuar, cerca das 09H50 demos inicio ao percurso com inicio junto ao Parque Florestal em Mondim de Basto.

Lá fomos subindo através de caminhos antigos, passando ao lado da aldeia da Serra, Seixos Brancos e Trigal, para mais á frente já na aldeia de Campos passarmos pela pequena capela de S. Gonçalo. Até este ponto a subida foi feita suavemente por entre os citados núcleos urbanos onde pudemos apreciar toda a azáfama dos populares nas tradicionais vindimas, já se sentindo no ar o característico cheiro do amanho da uva.

A partir daqui iniciamos então a subida mais propriamente dita ao Monte Farinho, e logo depois surgiu a indicação do povoado de Castro Castroeiro, em trabalhos arqueológicos e de classificação, que foi por nós visitado.

Retomando o percurso, agora já de forma mais acentuada e em típica calçada de peregrinos os primeiros sintomas de esforço iam-se já fazendo sentir, mas nada que fizesse perder a vontade de atingir o alto. Ao longo da calçada ziguezagueante, de quando em quando todo o grupo parava para estender a vista para baixo, pois entre a bruma da manhã que se ia dissipando e nos permitia uma maravilhosa vista sobre terras de Mondim. Também de quando em vez por entre a floresta conseguia-mos já divisar sobre as nossas cabeças bem lá para cima no topo do afunilado monte o templo da Sra. Da Graça.

Pelo caminho cruzamos a fonte da Costa, depois as três capelas e após estas, apelando a um redobrar de energias com a visão já do santuário atingirmos finalmente pelas 12H55 o topo do monte. Daqui a vista estendeu-se sobre as paisagens das terras de Basto, serra do Alvão e da serra do Marão.

O dia estava lindo e a temperatura convidava ao aproveitamento dos raios solares.

Depois da tradicional visita ao Santuário e de exploração de toda a zona, nas traseiras do Santuário em local aprazível foi feito o reabastecimento, e tirada depois a foto de grupo.

Bem instalados e em amena cavaqueira, telefonando para o Ernesto, Santos e Isabel, parecia que ninguém tinha vontade de iniciar o regresso. Mas o que tem de ser tem muita força, por isso cerca das 14H15 demos inicio á descida tomando para o efeito a vertente Norte do Monte Farinho, descendo da zona do santuário através de umas escadinhas, para mais abaixo tomar o caminho antigo dos peregrinos oriundos das aldeias do Norte.

Passamos pelo local da Garganta dos Palhaços, apanhamos logo depois uma calçada de peregrinos que nos levou pela Pedra Alta, monumento geológico (Megalitico) de grande porte. Pelo caminho todos se iam entretendo na apanha de medronhos pois era grande a quantidade existente por toda a encosta do monte.

Continuamos a descer até se atingir parte da estrada em alcatrão por onde seguimos, passando junto ao Clube de parapente cujos muitos praticantes lançados de junto do Alto da Sra. Da Graça e sob um dia talvez propicio a este tipo de actividade enchiam o céu esvoaçando bem lá pelo alto sobre as nossas cabeças.

Pena é que grande parte do percurso de regresso seja feito seguindo ao longo da estrada asfaltada, o que se torna um risco.

Mais à frente saindo da estrada seguimos pelo interior dos lugares de Pedra Vera, Montão e Lomba, chegando por fim a Mondim de Basto.

Tempo houve então para olhar novamente para o Alto da Sra. da Graça, e entender ter sido reconfortante tudo aquilo que tínhamos caminhado, pois que a grandeza do monte é soberba. Saber que lá tínhamos estado encheu a todos de brio e satisfação, coma certeza de realmente ter valido a pena.

No final em Mondim tempo houve ainda para reconfortar um pouco as barrigas, e para a compra das tradicionais doçarias. Cerca das 18H30 finalmente se iniciou o regresso , com a noção de todos estarem satisfeitos pela actividade desenvolvida e receios desfeitos, pois que afinal e de uma forma geral todos terem ficado convencidos que afinal quando se quer tudo se consegue.

Até à próxima!

Atenção: Sem compromisso ainda quanto a data (17 de Novembro de 2012) pretende o Viana Trilhos realizar o já á tanto tempo falado “Cozido no Pote”.

Assim queremos que este evento seja um convívio de todos aqueles (mesmo todos) que já connosco caminharam, e que seja o agregar de toda a família VT.

O local ainda não está definido, podendo-se adiantar no entanto que o mesmo será composto de uma concentração em local a designar, coma realização de um percurso, enquanto que os cozinheiros preparam o dito cujo, para um convívio geral.

Mais detalhes serão oportunamente dados a conhecer.

Assim não existirão justificações para não comparecer. Faz por estar presente e fazeres parte da família VT.

NÃO FALTES

Miguel Moreira

Vianatrilhos

Dados do percurso

Informação sobre os aspetos mais significativos:

Data2012-10-13
Tempo de deslocação05h 52m
Tempo parado02h 07m
Deslocação média 2,8 Km/h
Média Geral2,1 Km/h
Distância total linear16.3 km
Nº de participantes