2012-06-30 Pelo Monte da Guilheta e margens do Rio Neiva

Eram 08H30 da manhã, quando o grupo se começou a juntar no Vital.

O dia parecia propício para a marcha e depois dos costumados cumprimentos, partimos para o S. Paio de Antas.

O encontro estava marcado na capela de Santa Tecla, local já nosso conhecido de outros percursos do rio Neiva, onde nos aguardava o contingente do Porto, mais uns quantos que optaram por ir directos para o local.

Depois de cruzar o casario, dirigimo-nos para a “Azenha do Sebastião ou Azenha Branca”, onde cruzamos Neiva para a sua margem direita, seguindo para montante.

Um pouco mais adiante, depois de um campo de escuteiros, passamos pela “Azenha do Adriano”, onde um pescador, meio encavalitado no engenho, tirou mesmo à nossa frente uma bela boga, provocando enorme admiração nos presentes, quer pela sua destreza, quer pelo tamanho do espécime.

Um pouco mais à frente abandonamos a margem do Neiva, para subir ao Monte da Guilheta, ponto mais elevado do percurso.

A subida, acentuada, mas muito curta, levou-nos à capela do Srª dos Emigrantes, onde fizemos uma curta pausa logística, para meter uma bucha à boca.

À nossa frente a estátua ao emigrante, de mala na mão, rumo à “estranja”, para tentar lá fora uma vida melhor para si e para os seus, homenageia os muitos emigrantes da década de 70, época que julgávamos ultrapassada, mas de novo tão próxima, pelos maus ventos, que de novo obrigam os nossos jovens a demandar outras paragens.

Seguimos depois para os quase imperceptíveis vestígios do “Castro de Moldes”, antigo povoado da idade do ferro, com consideráveis dimensões e complexo sistema defensivo, que dominou este afloramento rochoso, conferindo-lhe um elevado valor estratégico.

Posteriormente no local foi construído castelo, que conferiu o nome à localidade de Castelo do Neiva. Em finais do século XIV, este perdeu a sua anterior importância, sendo abandonado e entrando num lento processo de degradação, quase nada sobrando, que testemunhe a sua existência, muito relevante no despertar da nacionalidade do Reino de Portugal. No local está estátua invocadora por onde passaram as relíquias de D. Nuno Alvares Pereira.

Um último esforço até ao ponto mais alto, encimado pelo marco geodésico e um cruzeiro, onde fizemos a costumada foto de grupo, tendo por fundo a magnífica paisagem litoral, onde o verde salpicado com a mescla de cores do casario, se funde ao azul profundo do mar, que se perde na imensidão do olhar.
Com os olhos cheios descemos para o rio, continuando para montante, serpenteando pela densa vegetação, até à fábrica da resina, junto da “Azenha da Ponte”.

A fábrica, que outrora ficou célebre pelo cheiro pestilento que infestava as margens do Neiva, está agora mais modernizada, condicionada e enquadrada, pelo que quase se não dava pela sua presença física e menos ainda por poluição.

Subimos à EN13, junto da ponte, onde retemperamos energias e aproveitamos para nos desforrar nas cerejas de Resende, e como o ditado diz “é como as cerejas”, foi um fartote!

Seguiu-se a “Azenha do Vau” e logo de seguida a “Azenha e Engenho do Minante”.

Esta azenha, pela sua dimensão e enquadramento, merece um destaque especial, já que se tratava de um complexo industrial, composto por, moagem de milho, trigo e centeio, engenho de serrar, engenho de linho e alambique que destilava figo do Algarve, descarregado no porto de Viana do Castelo para a produção de aguardente, vendida posteriormente à Casa do Douro.

Mas como o tempo urgia e o Miguel queria ir mais adiante, seguimos para a “Azenha do Grilo”, também de assinalar pelo seu belíssimo enquadramento, com um pequeno areal, junto do açude, local onde a pequena Catarina foi a única a ter o arrojo de mergulhar nas frias águas do Neiva.

Os outros aproveitaram para a pausa de almoço, retemperando as forças, trocando farnéis e pondo a conversa em dia.

Aí a Manuela, em alvoroço, deu pela falta do marido, que tinha ficado para trás, no Minante, contando que fosse esse o local dos “comes”.

Depois da refeição, regressados à “Azenha do Minante”, demos com o Rego, em profunda contemplação da bela paisagem circundante.

A escolha foi fraca, pois o grupo trocou-lhe as voltas, deixando-o entregue a si mesmo, e pior que tudo, sem acesso ao farnel da Manuela!

Cruzamos para a margem esquerda, seguindo para jusante, pela zona industrial, junto à Quinta da Malafaia, passando depois pelo “Engenho de Lizar” e pelo “Engenho e Azenha da Carvalha”.

Pouco depois regressávamos à “Azenha Branca”, sendo o regresso aos carros pelo mesmo caminho da ida.

Na capela de Santa Tecla estavam o Vilaça e Teresa, que não tiveram pés para andar, mas como boca para comer há sempre, esperaram por nós para o prometido almoço de fim de época.

Infelizmente não pude ir, mas sei que o almoço correu bem e que houve até distinções e diplomas... mas como não se deve falar do que não se sabe..., caberá a outro aprofundar o assunto.

Boas férias

José Almeida

Vianatrilhos

PS:

Face à ausência de participação dos presentes, que fizeram ouvidos moucos ao desafio, pedi esclarecimentos ao amigo Mesquita, e soube que o almoço de encerramento da época, foi aproveitado para fazer uma justa homenagem ao companheiro Miguel Moreira, enquanto guia de serviço e rosto mais mediático desta organização "ad hoc" que é a Vianatrilhos.

Assim, seguindo uma deliberação de um grupo de Viana do Castelo, secretamente reunido para o efeito, sem a presença do visado, tendo por base feliz ideia da Isabel Freixo, foi decidia a elaboração de público louvor ao destacado representante da Vianatrilhos.

Só que afinal não foi um, mas dois os documentos separadamente elaborados, um pela Isabel Freixo e outro "papiro" manuscrito, com texto do Mesquita e grafismo do Filipe Barroso.

Os discursos estiveram a cargo do Mesquita e Vilaça, que com a sua exuberante eloquência, destacaram o papel chave do Miguel, na organização e liderança do Grupo de Montanhismo de Viana do Castelo - Vianatrilhos, secundado pela equipa de colaboradores e amigos, que tudo tem feito para levar por diante esta ideia comum, com já quase quinze anos de vida.

O resto foram "comes", prosa e muita diversão.

Até à próxima.

José Almeida

Vianatrilhos

Dados do percurso

Informação sobre os aspetos mais significativos:

Data2012-06-30
Tempo de deslocação03h 42m
Tempo parado01h 48m
Deslocação média 3,7 Km/h
Média Geral2,5 Km/h
Distância total linear13.6 km
Nº de participantes31