2010-10-16 Via Romana XVIII – Geira

Pelas 7.30 da manhã de Sábado 16 de Outubro, que se apresentava fresca mas prometedora de sol abundante, compareceram como habitualmente no ponto de encontro “Café Vitral”, vinte e sete companheiros (tendo-se juntado ao grupo uma companheira em Arcozelo, Ponte de Lima), para mais uma actividade do Grupo, desta feita o “Percurso na Geira - Via Romana XVIII”.

Contrariamente ao habitual, o percurso até Terras de Bouro foi assegurado em autocarro; uma ideia feliz da direcção do Grupo, mais ecológica, mais convivial, predispondo e facilitando maior interacção entre o grupo. Esta solução foi, em todo o caso, essencial para a concretização desta actividade, dado tratar-se de um percurso com início e fim em locais distintos.

Conduzidos pela mão de uma senhora condutora, rumamos a Portela de Santa Cruz, freguesia de Souto, concelho de Terras de Bouro, via Ponte de Lima-Prado, com pequena paragem na localidade termal de Caldelas para um primeiro café. Durante o percurso foi-nos facultada abundante e detalhada informação escrita atinente à importância/valor histórico e patrimonial milenar do percurso que nos aguardava, levando-nos à genesis da globalização do noroeste penínsular, assimilacionismo cultural latino, emergência de uma entidade histórica que perdura ao longo dos milénios, realidade que, para o bem ou para o mal, fazemos parte integrante.

Chegados ao local do início da actividade em Souto, Terras do Bouro, por volta das 9.30, após a foto de grupo e uma primeira abordagem ao percurso, impunha-se o início da marcha... esperava-nos uma etapa de 18 km da Via Romana XVIII, popularmente designada de Geira, caminho entre Bracara Augusta (Braga) e Asturica Augusta (Astorga – Província de Léon), via Bergidum Flavium (Ponferrada), infra-estrutura que constitui um testemunho excepcional de uma época em que a Europa era um espaço comum.

Partimos então na companhia de Marcus Aurelius Antoninus Caracala, em espírito, dispostos a calcorrear as milhas necessárias até Covide, por entre o granito que forma o substrato rochoso de grande parte do traçado da via, utilizado de forma abundante nos pavimentos lajeados, nos muros de suporte, nos miliários.

Rostos descontraídos, aproveitando as características favoráveis do percurso para colocar a conversa em dia, já que o traçado da via entre a milha XIV (início da actividade) e a milha XXIV (freguesia de Covide, o terminus do nosso percurso) não apresentava relevo significativo, estendendo-se a uma cota praticamente constante.

Num contexto climático com alta pluviosidade, o traçado da VIA NOVA esteve sujeito a processos erosivos intensos ao longe dos anos. Daí que, não espanta alguns tramos, mormente caminhos e muros de suporte, se encontrarem deteriorados, quer pelo tempo, quer pela acção desajeitada de mão-humana, quer pela bestialidade... bem patente no estado de conservação de muros, marcos miliários e placas informativas. Uma palavra para um conceito que urge mentalmente inculcar... construção... manutenção...

Fomos transpondo a um ritmo descontraído cada um dos marcos miliários, envolvidos por contexto paisagístico excepcional; vegetação intensa, diversificada, perfusão de cores outonais, prados de lima, campos de cultivo, ouriços, parreiras bravas, gaipos de uva moranga, figos, autêntica recolecção... regos de água fresca... pausa para almoço..

Percorrer a VIA NOVA é regressar a um tempo perdido, em que os meios de transporte e o ritmo de vida eram diferentes. Cavalos e legiões romanas, viandantes, mansiones e mutationes, mensageiros e funcionários, ouro e demais minérios. Os miliários balizavam a via, assinalando as distâncias aos caput viarum, ou seja aos nós rodoviários.

Louise, Louise, onde está a Louise.... ok.. a Louise apareceu...

Eis-nos em Covide por volta das 17.00 horas... nada mais apetecível que uma bela refeição; arroz de feijão, pataniscas, para temperar... branco e tinto... boa disposição, cores vivas nos olhos e nas faces.. a satisfação da contemplação da Calcedónia, imponente... brilho do sol poente.

Regresso a Viana. Serenidade de uma jornada longa, vivida, projectos para novo encontro em Novembro, castanhas e concertina...

Até lá então...

Viana 18 de Outubro de 2010

Mário Cruz

Vianatrilhos

Dados do percurso

Informação sobre os aspetos mais significativos:

Data2010-10-16
Tempo de deslocação04h 56m
Tempo parado02h 01m
Deslocação média 4 Km/h
Média Geral2,8 Km/h
Distância total linear19.7 km
Nº de participantes28