Saímos de Viana com o tempo muito encoberto, anunciando um fraco dia. No entanto logo depois de cruzarmos os Arcos de Valdevez o sol começou a brindar-nos com os seus raios, mostrando-nos toda a beleza das encostas da serra em direcção á Portela do Mezio, e do maravilhoso bosque até ao parque de campismo da Travanca, local de inicio deste percurso.
Depois de tudo preparado, iniciamos a nossa jornada, subindo através da calçada que parte da casa florestal, que nos fez passar pela “Branda de Currais Velhos” com os antigos abrigos dos pastores espalhados sob um bosque de pinheiros silvestres. Continuamos subindo acompanhando um pequeno ribeiro bordejado de tufos de musgo e por entre uma mancha de bétulas e cedros, que proporcionava trechos dignos das objectivas. Mais acima atingimos uma Chã local em que bem perto se pode ver a “Branda de Cova” instalada num bonito vale, tendo a protegê-la dos ventos o “Pico do Guidão”, local escolhido para breve descanso.
Retomado o percurso, atravessamos a pequena corga por onde corre o ribeiro de “João Cão”, iniciando um corta-mato de meia encosta sempre subindo, proporcionando o estender da vista pela paisagem, tendo no horizonte os contornos dos Carris e dos Cotos da Fonte Fria da serra do Gerês.
Continuamos absorvidos pela vegetação, o que ia dificultando a progressão, passando perto das ruínas da “Branda A Curral do Pedro”, até atingir uma pequena elevação onde fizemos novo descanso, e onde já se divisava lá bem á frente o nosso objectivo. Para lá chegarmos tivemos ainda de continuar subindo através de um mundo de pedra, cruzando pequenas linhas de água, com vegetação mais rasteira sinónimo de altitude.
Atingimos assim o “Alto da Pedrada” (1416 m) ponto mais elevado do Alto –Minho, local de paisagem soberba onde a nossa vista se estendia pela imensidão da distância. Através do horizonte, podemos distinguir a borda atlântica, com uma linha de escadas cujos degraus são as cumeadas das serras de Santa Luzia, Aguieira, Arga, Antela e Miranda, qual escadório em direcção do trono da Nossa Senhora da Peneda.
Também á nossa volta e nas redondezas podemos divisar, o local de “Lamas de Vez”, nascente desse rio e onde existem vestígios de Antas e Mamoas, testemunho de civilização milenária. Ainda na mesma direcção um pouco sob os nossos pés podemos ver os muros que convergindo formam o “Fojo do lobo” obra de engenharia popular executada ao longo de gerações, para dar caça ao principal inimigo dos rebanhos e pastores. Para poente estende-se o “Vale do Ramiscal” santuário natural de uma enorme diversidade de vegetação, sendo considerado como área de “Reserva Integral” e uma das mais importantes da Europa.
Com o vento a arrefecer-nos o corpo houve ainda tempo para a fotografia da praxe, começando então a descida, passando junto a uma estranha mancha granítica junto a um abrigo, descendo-se através da encosta da serra, por entre as cinzas de uma recente queimada, atingindo-se o estradão florestal junto da “Fonte dos Azevinhos” (seculares) que nos proporcionaram o abrigo para o merecido almoço.
Feito o reabastecimento e com as forças um pouco retemperadas, continuamos ao longo do estradão, com pequenos desvios para podermos ver as “Brandas de Bragadela, Bezerreiras e Bicos”. No “Picoto dos Bicos”, belo miradouro natural, podemos estender a vista sobre a serra e avistar lá no fundo colocado parece que sobre um tapete natural colorido pela diversidade da vegetação, o “Fojo da Cabrita” e as “Brandas da Lombadinha” (Albar, Soengas e Montelos).
Continuamos descendo até á “Branda de Vidoeira”, iniciando nova e íngreme descida que atrapalhou alguns, para atingirmos lá no fundo de um vale a “Branda de Piorneda”, onde se encontrava um pastor com o seu rebanho. Após breve descanso, subimos ao longo de um bosque de pinheiros silvestres, até a um alto, iniciando então a descida final que nos levou a passar junto da “Branda da Berzavó” e atingirmos a Ponte do Rio Grande, mais conhecido por Ázere, local de belas piscinas naturais.
Logo depois, caminhando por entre um maravilhoso bosque, atingimos o ponto de partida e final deste percurso, onde foram distribuídos para surpresa, os diplomas de “Caminheiro Pedrado”, atestando singular proeza de atingir o ponto mais elevado do Alto-Minho.
A tarde já ia caindo, iniciando-se o regresso a casa, terminando assim mais uma interessante página dos nossos percursos na Natureza.
Miguel Moreira
Informação sobre os aspetos mais significativos:
Data | 2005-04-30 |
Distância total linear | 17.0 km |
Nº de participantes | 28 |