Este percurso teve início junto ao palácio de Bertiandes e a participação de 60 companheiros.
A paisagem protegida das lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos foi criada em 11 Dezembro de 2000 e localiza-se próximo de Ponte de Lima, possuindo um inquestionável valor paisagístico e biológico, paralelamente a um enorme potencial que a torna num espaço óptimo para o planeamento e desenvolvimento de actividades recreativas, científicas e pedagógicas.
Depois de demorado passeio pelas lagoas, onde pudemos observar diversas variedades de aves, ao logo dos seus passadiços e postos de observação, fomos até ao restaurante Celeiro, onde se almoçou um excelente sarrabulho.
Foram ainda baptizados mais 10 novos companheiros, que se iniciaram nestas "artes".
José Almeida
Amigos da Chão
Cerca das oito e trinta da manhã, lá estavam todos equipados, no local do costume, prontos para abalar até Bertiandos. Após um compasso de espera pela guia da Câmara de Ponte de Lima, que primou pela não comparência, a direcção técnica dos Amigos da Chão, a cargo dos caminheiros Miguel, Ruí e Pimenta, resolve iniciar o percurso.
Em frente do solar de Bertiandos começou a caminhada e o itinerário deu partida para poente, pela linha de caminho de ferro do Vale do Lima, abandonada e transformada em pista de ciclismo e pedestrianismo. Esta linha do Vale do Lima "deu em águas de bacalhau". Faltava a sua inauguração! Foi um projecto polémico, que remonta ao início do séc. XX.
Antes do cruzamento para Estorãos, saltámos da 'Linha' abaixo e logo começamos a andar em plena zona húmida protegida. Em bicha de pirilau, silenciosamente, fomos caminhando, para “escuitar” o cantar das aves. Àquela hora nem vê-las! Eram visíveis na vegetação os sinais dos tempos invernosos. Estávamos num verdadeiro pântano e a dado momento, até enterrei uma perna, com bota e tudo.
Logo encontrámos o primeiro posto de observação de aves e, mais à frente, um primeiro passadiço de madeira com o seu posto de observação de aves aquáticas. Vimos patos, uns pardos, outros reais. Rãs, eram aos montes, dissimuladas na folhagem das Lagoas.
Andando e contemplando, mas sempre rodeados de terreno pantanoso, chegamos ao centro de interpretação das Lagoas de Bertiandos e S. Pedra d’Arcos, lã para o meio, mais parecendo uma pousada. Para quê tanta pomposidade? Valha-nos Santa Lucrécia!
Parece oportuno fazer um parêntesis sobre o solar de Bertiandos, o mais típico e nobre exemplar arquitectónico da casa senhorial do Minho, com a sua torre (ano de 1566), varandas, terraços e escadas de granito de quatro faces (in Roteiro da Ribeira Lima - Conde d’Aurora). No jardim, o pelourinho da vila assente em marco miliário, testemunha a passagem da via militar romana de Braga (Bracara Augusta) a Astorga (Asturica Augusta), por Ponte de Lima e Labruja e seguia, depois, pelo Gerês (Geira Romana).
Caminhar, sem placas informativas, neste género de percurso, é meter-se num labirinto e foi o que senti, sem perder o norte. A dado passo, já passava do meio-dia, o estômago apertava. Tirámos a foto-caminheira, junto a uma ponte medieval, outrora passagem para S. João d’Arga e que um habitante local apelidou de “ponte do esteio”.
Já na parte final, meti dois dedos de conversa com um artesão de pedra e onde vi lareiras e relógios de sol, a bom preço.
Enquanto o grupo já dentava no Celeiro' e cheirava o aromático prato gastronómico Limiano - rojões com arroz de sarrabulho - deambulava eu pela vila de Bertiandos, meio perdido. Já foi cabeça de diocese, na era romana e no tempo dos godos; foi tomada pelos árabes, em 716; mais tarde, no ano de 970, Almansor cerca Britínia ou Bretónia (denominação antiga), incendeia a cidade, reduzindo-a escombros e cinza. Houve cristãos que fugiram para o Monte de Santa Luzia e onde haveriam de formar uma grande povoação, dando origem à actual Viana do Castelo?
Mas onde estão os vestígios desta grande cidade? Em Santa Luzia ou Bertiandos?
No decurso do almoço, foram sujeitos ao baptismo dos Amigos da Chão figuras ilustres, em ambiente fortemente acolhedor: Silvianne, Ana, António, Taló, Luís, Manuela, Fernando Dias e Inês Sofia. O companheiro Simões, convertido à causa do pedestrianismo, desde longa data, jurou ser crismado, segundo o novo ritual do grupo. Presente estava o caminheiro Mesquita, a quem foi prestada uma saudação especial pelo apoio concedido, substancial e oportuno, para que a publicação do programa de actividades, a cores, fosse possível.
Da parte da tarde, fomos até ao moinho de Estorãos. Dando-se o reagrupamento junto à estátua das quatro mãos, símbolo da união de quatro Freguesias.
No regresso a Viana, passámos junto à Quinta de Pentieiros, do séc. XVI, outrora pertencente ao fidalgo Gonçalo de Souza Menezes.
E, deste modo, se comemorou o Dia Mundial das Zonas Húmidas Protegidas.
In: Aurora do Lima
Luis Gonçalves
Amigos da Chão
Informação sobre os aspetos mais significativos:
Data | 2003-02-01 |
Tempo de deslocação | 04h 01m |
Tempo parado | 10m |
Deslocação média | 2,4 Km/h |
Média Geral | 2,3 Km/h |
Distância total linear | 9.8 km |
Nº de participantes | 46 |