O percurso escolhido teve início na Portela do Mezio, na freguesia de Cabana Maior, concelho dos Arcos de Valdevez. Na parte da manhã efectuamos um percurso ao Santuário do Gião, localizado na serra do Soajo.
À tarde realizamos um passeio através do "Trilho Interpretativo do Mezio". Passeio curto mas de grande valor de contrastes devido à sua riqueza de flora
Miguel Moreira
INATEL
Monumento de origem funerária é típico dos momentos de sedentarização humanos, tendo em períodos posteriores, apresentado desta forma cronologias balizadas entre, aproximadamente, os 2500 e os 1500 anos A.C.
Os monumentos megalíticos têm uma estrutura extremamente interessante, e os dolmens onde actualmente decorrem os trabalhos de recuperação, apresentam um relativo estado de conservação.
Na mamoa 6 tem vindo a aparecer diversos objectos de pedra e material cerâmico, datado do Período Neolítico, já que o homem não dominava a fundição de metais.
Por isso o que tem sido encontrado são pequenas pontas de seta, entre as quais se destaca uma, de dimensões maiores, que passa a representar um objecto raro no Norte do País.
O Santuário Pré-histórico do Gião, localizado na serra do Soajo, é considerado uma das maiores concentrações de rochas historiadas numa só estação de todo o N.W. peninsular.
De acordo com estudos do Dr.António Marinho Baptista sobre o Complexo de Arte Pré-Histórico do Gião: Para além disso, e como tem sido apontado por algumas das estações deste grupo artístico, as rochas comungam uma extraordinária paisagem natural, na qual se pode ainda hoje definir claramente um espaço estruturado, em que a Arte e o Meio Ambiente se conjugam em perfeito paradigma antropo-ecológico, não sendo descabido aplicar-se ao conjunto o conceito de Santuário.
Com efeito, o observador mais atento que circule pelas rochas insculturadas do Gião, breve se apercebe serem estas limitadas, na sua maioria, a um espaço natural único.
Graças ao trabalho levado a cabo pelo Dr. Martinho Baptista foram catalogadas e historiadas 80 rochas, 27 das quais no Muro do Gião I e 5 no Gião II.
A vasta área da Portela do Mezio constituía uma zona de intenso pastoreio, ocupada há milhares de anos, tem sido baldio nos últimos séculos.
Com o desenvolvimento da política florestal do Estado Novo, os baldios passaram para a Administração Central, tendo-se levado a cabo um intenso programa de florestações.
O trilho que agora se inicia desenvolve-se no modelado suave que se constituía por parte da área de pastagem, permitindo observar os sinais de ocupação do território e da sua alteração de uso.
1 - Logo que se inicia o percurso, deparamos com um aviário à direita.
2 - Poucos metros depois, logo a seguir ao caminho que corta à direita, existe uma pequena elevação de terreno. Trata-se de uma mamoa - pequeno monte de terra e pedras miúdas, que cobrem um monumento funerário pré-histórico, e que se integra num grupo disseminado pela chã.
Estes vestígios arqueológicos documentam uma ocupação do território desde há, pelo menos 5.000 anos e encontram-se em geral em zonas com algum aplanamento e com vocação pastoril. Algumas dessas mamoas serviriam inclusivamente como marcas de territorialidade. Continuando pela mesma estrada podemos observar uma variedade relativamente grande de espécies de árvores, por vezes como ensaio para o seu uso mais vasto.
3 - Vemos de novo uma mamoa no lado esquerdo da estrada. Se subirmos ao seu topo, podemos entrar por uma abertura feita posteriormente na cabeceira do monumento e teremos a rara oportunidade de observar a arquitectura do interior de um dólmen quase sem alterações de fundo.
A entrada para o corredor, virada a nascente e que se situa à nossa frente e os esteios apoiados entre si suportando as grandes lajes de cobertura são a demonstração prática da capacidade tecnológica dos nossos antepassados.
4 - Entramos num pequeno povoamento de Chamaecyparus lawsonionia . Ao sairmos deste povoamento atravessamos outro caminho e entramos num novo povoamento florestal.
5- A base deste povoamento é o carvalho americano (Quercus rubra), com alguns vidoeiros (Bétula sp.).
6 - O povoamento vai mudando gradualmente, diminuindo o número de carvalhos e aumentando ao número de vidoeiros.
7- À nossa frente está um curral. Observe-se a cerca de granito pouco comum nesta área. Esta área é uma adaptação dos Serviços Florestais a uma forma tradicional de ocupação do solo. Cortando para a direita, vamos atravessar um regato, passando depois por um povoamento de castanheiros.
8 - Chegamos à branda dos Mosqueiros. As brandas pastoris são zonas de apoio à exploração da serra em regime de pastoreio. Esta é constituída por habitações individuais e respectivo cercado: uma cabana, quase do tipo megalítico com tecto em falsa cúpula e cerca de grandes lajes em que pernoitavam respectivamente o pastor e o gado que precisava de maiores cuidados. Pertencia À aldeia de Vilar do Soente e terá sido abandonada no princípio deste século.
É possível que o seu declínio tenha a ver com a progressiva importância do milho. Cultura rica introduzida pelos séculos XVI e XVII, exige regras, estrumações e outros amanhos que obrigam não só os homens, mas também os animas de trabalho, a ficar perto da área cultivada.
A permanência do gado no monte, em especial das vacas, vai-se tornando mais difícil e limitada a períodos de tempo cada vez menores. Simultaneamente o milho vai ocupar áreas cada anteriormente destinadas a pastagens fazendo diminuir o peso do gado na economia local. As brandas que apoiavam o sistema de produção anterior vão perdendo importância, por vezes até ao seu abandono total, como neste caso.
9 - Aqui vamos encontrar uma barreira de solo típica da montanha. A baixa temperatura e a acumulação de água não permitem uma decomposição rápida de detritos orgânicos que caem ao solo. Estes vão-se transformando lentamente dando origem a ácidos húmidos de cor muito escura, cuja acumulação dá ao solo a cor característica que vemos.
10 Antes de voltarmos ao Centro de Interpretação de onde partimos, viremos à esquerda subindo sempre até ao miradouro da Lapa da Escola. Veremos daqui o vale fundo e encaixado do rio Lima e a intensa ocupação das suas encostas a que o milho deu um uso até aí insuspeitado.
(Texto retirado de folheto da Divisão de Informação e Educação Ambiental)Informação sobre os aspetos mais significativos:
Data | 1998-10-25 |
Distância total | 10 km |
Nº de participantes | 23 |